São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 1997 |
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Luíza de Moura estuda Amélia há 13 anos
JOÃO BATISTA NATALI
Tem recebido aplausos e prêmios por interpretações de óperas de Mozart, Richard Strauss e Puccini, o que é também uma prova da versatilidade de sua voz. Apresenta-se com frequência no Rio, Belo Horizonte e São Paulo, onde, no ano passado, participou das produções de concerto (sem cenário ou figurino) de duas óperas de Carlos Gomes, "Lo Schiavo" e "Salvatore Rosa". Eis os principais trechos de sua entrevista à Folha: * Folha - Sua carreira tem sido vagarosa e constante. Que peso essa interpretação de Amélia terá dentro dela? Luíza de Moura - Eu estudo já há 13 anos este papel. Cheguei a fazê-lo em concerto, ou em partes. Verdi, para mim, foi sempre uma constante em termos de estudo. O papel de Amélia é algo já para a maturidade. Ele é muito extenso. Todas as notas precisam estar muito bem trabalhadas. Folha - No que ele se diferenciaria de Leonora, de "Il Trovatore"? Moura - É também um papel bastante difícil. Mas ela canta menos que Amélia. O mesmo ocorre com Aída, que é um papel-título, mas não exige tanto da cantora. Amélia tem sequência de ária pesadíssima, dueto também muito pesado, depois outra ária, e ainda um quinteto. Não se sai quase do palco. Folha - Amélia canta também menos que Violetta ("Traviata")? Moura - Sim, e Violetta é um papel mais leve. Amélia mantém todo o tempo a voz muitíssimo empostada. Folha - Nesta montagem, o que prevalece como impressão sua: constrangimento ou estímulo? Moura - Estimuladíssima. Dividir o papel com Aprile Millo é para mim maravilhoso. Em 1986, no Rio, ela fez Aida e eu era a sacerdotisa. Foi a primeira vez que eu pisei no palco. Folha - A sra. se sente nervosa quando, pronta para entrar em cena, ouve o primeiro acorde da orquestra na abertura? Moura - Dá umas borboletas no estômago... Já não tem mais jeito de parar. Todos sentem a mesma coisa, não importa se principiantes ou em final de carreira. Folha - A sra. não se dedica integralmente ao canto lírico, não é? Moura - É verdade. Eu sou advogada, e já o era quando comecei a estudar canto. A advocacia é uma profissão. O canto é para mim uma arte. Não quero ser uma artista que para sobreviver precise até cantar em casamento. O dinheiro eu o ganho na Caixa Econômica Federal, onde sou funcionária. Acho-me competente como advogada. Mas o prazer vem da música. (JBN) Texto Anterior: 'Sua música é remédio', diz Millo Próximo Texto: Triângulo amoroso é fio condutor da trama Índice |
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