São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 1997 |
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Avó queima neto com moeda em brasa
WAGNER OLIVEIRA
A queimadura provocou ferimento de meio centímetro de profundidade na mão da criança, deixando uma marca que só uma cirurgia plástica poderá corrigir. O caso ocorreu na semana passada no bairro Vila Nova, em Marília (SP), mas só foi descoberto anteontem, pela professora do colégio em que o menino estuda. A delegada de Defesa da Mulher, Tereza Cristina Albiere Barauda, disse que a dona-de-casa Odila S.S. poderá ser indiciada em inquérito na lei 9.455, que prevê pena de até oito anos para crime de tortura. A dona-de-casa disse que queimou a mão do neto "num ato impensado", ao ouvir reclamações sobre pequenos furtos praticados pela criança. Segundo ela, a direção da escola em que o garoto estuda reclamou que o menino andava furtando lápis dos amigos e doces na cantina. Ela disse também que integrantes do coral da igreja do bairro do qual C.E.S. participa afirmaram que o garoto furtou moedas da cesta de esmolas da paróquia. "Eu estava passando por um momento difícil, com minha filha, a mãe do C., no hospital. Vieram essas reclamações e eu perdi a cabeça", afirmou. Odila S.S. disse que sempre avisou aos filhos e aos netos que queimaria com uma moeda quente a mão deles se recebesse alguma reclamação de furto. "Resolvi cumprir a ameaça para ele ver que não estava mentindo. Mas estou muito arrependida." A mãe da criança, Lúcia H.S., 35, disse que a mãe cometeu um ato errado, mas não a recrimina. "É melhor um corretivo agora do que, daqui a alguns anos, a polícia vir buscá-lo aqui na porta de casa como ladrão", disse. O juiz José Henrique Ursolino tirou a guarda do garoto da família até a conclusão do inquérito policial. O menino está recolhido no Cacam (Centro do Apoio à Criança e ao Adolescente de Marília). Seus outros dois irmãos continuam a morar com a avó. A delegada disse que a avó do garoto cometeu um ato só praticado na Idade Média. "A família diz ter se arrependido, mas não tomou providência de levar a criança ao médico", disse. Segundo ela, o garoto estava com a mão infeccionada ao ser apresentado anteontem pelo Conselho Tutelar da Criança, que tomou conhecimento do caso pela direção do colégio. Segundo o presidente do conselho, Lourival Luis da Silva, a criança tinha comportamento normal e as reclamações contra ela podiam ser corrigidas com uma simples conversa. Texto Anterior: Consumidora pede troca de tampinhas Próximo Texto: Família será acompanhada Índice |
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