São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 1997 |
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Polícia vai elaborar croqui da ação
ANDRÉ LOZANO
O esboço da ação será realizado a partir dos dados físicos do local -prédios, ruas e alojamentos da obra. Estes dados serão cruzados com as informações sobre a movimentação policial -que serão fornecidas pelos comandantes dos pelotões que participaram do confronto com os sem-teto. "Com esse croqui, poderemos saber como cada pelotão agiu e quais policiais estavam na linha de frente da 'batalha"', disse o delegado-titular da 8ª Delegacia Seccional, Antônio Mestre Júnior. A informação sobre a "linha de frente" é importante para identificar os PMs que estavam em contato com os manifestantes e que podem ter atirado. A PM entregou 98 armas para a perícia, embora tenha enviado cerca de 140 policiais para a Fazenda da Juta. "Estamos aguardando informação sobre o motivo de terem entregue somente 98 armas", disse Mestre. Foi adiado ontem o reconhecimento do PM que teria atirado no serralheiro Crispim José da Silva. O ajudante de pedreiro Eduardo Aparecido Gonçalves, 20, disse ontem que poderia fazer o reconhecimento. Entre os soldados levados à 8ª Seccional estava o PM do Regimento de Cavalaria Luciano Félix do Nascimento. Anteontem, Emilene Rodrigues Siqueira, 20, reconheceu formalmente o PM Nascimento como o autor do tiro que acertou a nuca de Crispim José da Silva. Segundo o promotor designado para acompanhar o caso, Francisco José Tadei Cembranelli, o reconhecimento foi adiado porque a polícia conseguiu localizar a testemunha Gonçalves "muito tarde" e porque os policiais levados para o reconhecimento tinham características físicas muito diferentes. "A lei determina que as pessoas que participam do reconhecimento sejam parecidas para que a testemunha seja categórica em seu apontamento", disse Cembranelli. Em entrevista, Gonçalves disse que viu um soldado descer do cavalo e dar um tiro que teria acertado a nuca de Silva. "O PM sacou a arma, deu uma coronhada na cabeça de Emilene e depois atirou em Crispim", contou Gonçalves. Ele falou, ao contrário de Emilene, que o PM Nascimento estava de capacete sem viseira. "Por isso, pude reconhecê-lo". O PM Nascimento nega ter atirado contra Crispim José da Silva. "A acusação é infundada. Assim como a moça apontou Nascimento como autor dos disparos, poderia ter acusado qualquer outro policial' , disse o advogado do PM, Carlos Humberto Barrente Lima. Texto Anterior: Última vítima é enterrada em SP Próximo Texto: Oficial responsabiliza sem-teto por mortes Índice |
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