São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 1997
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Invasores saem de prédio em Manaus

ANDRÉ MUGGIATI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Cerca de 900 sem-teto, segundo a PM, desocuparam ontem o prédio da Prefeitura de Manaus, que havia sido invadido anteontem.
Os invasores exigiam a desapropriação de uma área no Parque das Nações, na zona norte. A área ocupada, de 920 mil m2, foi invadida há pelo menos cinco anos e tem hoje 1.778 famílias, segundo coordenadores da invasão.
Os manifestantes decidiram sair do prédio após negociar com o prefeito Alfredo Nascimento (PPB) e o governador Amazonino Mendes (PFL). O prefeito prometeu estudar o problema, mas negou a desapropriação.
Segundo Nascimento, o problema com a área surgiu há cerca de cinco anos, quando os sem-teto invadiram terrenos que haviam sido loteados por uma imobiliária.
"Os proprietários que pagaram pelos terrenos estão ganhando reintegrações de posse na Justiça."
Nascimento disse que uma comissão formada por prefeitura, governo, Justiça e outras entidades deverá estudar o caso de cada família. "Quem tiver de sair por ordem da Justiça será posto em outro local", disse o prefeito.
Segundo uma das invasoras, Maria Nunes do Rosário, a desapropriação teria sido prometida por Nascimento durante a campanha eleitoral do ano passado. O prefeito nega ter feito a promessa.
Na frente do prédio, manifestantes penduraram faixas com dizeres como "Sem-teto vota; 98 vem aí". Segundo o pedreiro Gérson Pereira da Silva, 22, o dinheiro para água e remédio é fornecido por invasores que trabalham. A Igreja Católica, por meio do Centro de Defesa dos Direitos Humanos e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) contribuíram com alimentos.
O prefeito disse também que a prefeitura vai abrir licitação para a construção de uma "cidade-satélite", de 10 mil habitantes, na rodovia AM-010, a 50 km de Manaus. Segundo o prefeito, o edital de licitação da obra está sendo preparado. Para ele, a cidade-satélite deve resolver o problema de moradia na cidade. Para a vereadora Vanessa Graziotin (PC do B) "querem esconder a miséria fora da cidade".

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