São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Câmara trabalha na 2ª para 'salvar' Maluf

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

Para impedir que as contas do ex-prefeito Maluf sejam rejeitadas pelo TCM (Tribunal de Contas do Município), os vereadores de São Paulo vão quebrar uma velha tradição: vão trabalhar em plenário na segunda-feira.
Historicamente, segunda-feira é um dia "morto" na Câmara. Não há votações e poucos vereadores aparecem no parlamento.
Na próxima segunda, porém, haverá uma sessão extraordinária, convocada ontem pelos vereadores do PPB, o partido de Maluf e do prefeito Celso Pitta.
O objetivo é aprovar, em segunda e última votação, projeto de lei que desculpa a prefeitura pelo fato de não ter aplicado na área da educação, em 1995 e 1996, a verba exigida pela legislação.
Com a aprovação do projeto, a prefeitura poderá investir, ao longo do governo Pitta (até o ano 200), os R$ 280,7 milhões que deveriam ter sido aplicados no setor durante a gestão Maluf
Se isso não fosse feito, o TCM teria de emitir parecer reprovando as contas de Maluf pelo não cumprimento da lei (investir 30% da arrecadação fiscal na educação).
A pressa é justificada pelo fato de o TCM ter de elaborar, votar e enviar o parecer à Câmara Municipal até o dia 30 de junho.
"Não tem nada disso. As contas estão corretas. Vamos votar na segunda porque precisamos trabalhar mais", disse Hanna Garib, líder de Pitta na Câmara.
Os partidos de oposição -PT, PCdoB e PSDB- são contrários ao projeto. Entendem que a verba tem de ser reposta em 1997 e que as contas devem ser reprovadas.
Briga
A proposta foi aprovada em primeira votação ontem, em sessão tumultuada e repleta de palavrões.
O vereador José Índio (PPB) ficou irritado com a oposição, que tentava obstruir a sessão. Ele atirou uma garrafa de água na direção de Roberto Trípoli (PSDB), depois que o tucano disse que não tinha medo dos seus gritos.
Em seguida, Índio desceu da tribuna e tentou agredir Trípoli, mas foi contido pelos colegas.
"Você fica enrolando porque não tem família. Eu tenho de ir embora, hoje é aniversário do meu filho e eu vou ser homenageado", disse o vereador Índio.
"É preciso tomar alguma atitude. Isso aqui está parecendo uma feira", disse, no microfone, Devanir Ribeiro, do PT, durante um novo tumulto no plenário.
Naquele momento, Brasil Vita (PPB) discutia aos gritos com Jooji Hato (PMDB). "Você é burro", disse para o peemedebista. "Burro é você", retrucou Hato.
Vita reclamava do fato de Hato, vereador que integra a base de apoio ao prefeito Pitta, estar discursando na tribuna. "Ele está ajudando a oposição a obstruir a votação", disse Vita.

Texto Anterior: Chuvas causam destruição no PR
Próximo Texto: Prefeitos debatem soluções conjuntas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.