São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997
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Teatrólogo defende estímulo às artes cênicas

PATRICIA DECIA
DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

O teatrólogo Alcyone Araújo é um ferrenho defensor da criação de uma lei específica para estimular a produção de artes cênicas no país. É também membro da comissão criada pelo Ministério da Cultura para a área.
A comissão já preparou o projeto de lei, enviou-o ao governo e agora tenta buscar apoio parlamentar. Esta semana, representantes da comissão foram a Brasília mostrar o projeto para o presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA).
É prioritariamente por isso que Alcyone Araújo disse, em entrevista à Folha, que não se contenta com a mudança proposta pelo ministro da Cultura, Francisco Weffort, para a Lei Rouanet. Leia trechos da entrevista.
(PD)
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Folha - O sr. é a favor da mudança na Lei Rouanet?
Araújo - Sou contra a mudança apenas da Lei Rouanet. Não adianta resolver o problema de recursos por aí, isso não contempla aspectos que precisam ser normatizados. É um remendo.
As atividades culturais brasileiras nunca tiveram leis que as normatizassem. Sou favorável a leis específicas.
Folha - Assim como o projeto da Lei das Artes Cênicas?
Araújo - Sim. Trabalhamos três anos para elaborar esse projeto de lei. Entregamos ao governo e, até agora, esse projeto não foi para o Congresso. A classe está diante de uma enorme frustração por esse motivo.
Folha - Qual é sua opinião sobre a Lei do Audiovisual?
Araújo - Concordo com a Lei do Audiovisual. Ela é muito eficiente, atende a interesses muito objetivos dos empresários, que são sempre mais sensíveis ao bolso do que ao espírito. Mas ela não está criando um mercado. Isso, do renascimento do cinema, está sendo feito pelo Estado. O contribuinte brasileiro é o banco, não o mercado. O mercado só antecipa a verba.
Folha - Mas, então, o sr. acha que o governo deveria investir diretamente, sem o mercado?
Araújo - Tirar o mercado não é solução. Já se teve essa experiência, com a Embrafilme, e não deu certo. A minha preocupação é o empresário escolher apenas determinados tipos de espetáculos.

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