São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997
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Tshisekedi concentra apoio na capital

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Etienne Tshisekedi foi o principal opositor civil de Mobutu Sese Seko desde 1990. Ele lidera a União Democrática para o Progresso Social (UDPS) e tem muito apoio popular na capital, Kinshasa, e em algumas regiões do interior.
Os Estados Unidos e outros países do Ocidente haviam pressionado Kabila a dar uma posição de destaque a Tshisekedi num governo de transição.
O próprio Tshisekedi tinha deixado claro que não aceitaria nada menor que primeiro-ministro.
Os primeiros passos do governo de Laurent Kabila, em especial a exclusão de Tshisekedi do governo, deixou uma grande parte dos habitantes do país desconcertada e nervosa.
"Sinto duas coisas: expectativa e medo. Esperamos a mudança que queremos há tanto tempo, mas ao mesmo tempo o futuro nos assusta," resumiu Gilbert, um assistente social entrevistado pela agência de notícias "Reuter" em Kinshasa.
Muitos fatores, como a insegurança e a presença de tropas de outros países africanos (especialmente ruandeses), contribuem para o clima de incerteza em Kinshasa. Esse sentimento contra os soldados estrangeiros está crescendo.
Mas o fator determinante para a mudança de atitude dos habitantes da capital, depois da euforia do fim-de-semana passado, foi a ausência da oposição nacionalista representada por Tshisekedi no primeiro e ainda incompleto governo de Laurent Kabila.
Curiosamente, o novo presidente não fez nenhuma declaração ao país de 40 milhões de pessoas, nem apareceu em público desde que chegou à capital, sem ser anunciado, na noite de terça-feira.
Ele se fechou com assessores da Aliança de Forças Democráticas para a Libertação do Congo (AFDL), formada em outubro do ano passado, no começo da rebelião que depôs Mobutu Sese Seko.
O medo e a preocupação de que mais uma ditadura tenha se instalado no país são facilmente notados na grande capital desse país rebatizado de República Democrática do Congo.
Esses sentimentos cresceram ontem, depois que os soldados de Kabila dispararam para o ar, dispersando algumas centenas de manifestantes pró-Tshisekedi.

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