São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 1997
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Instituto de câncer quer mais taxação

DA SUCURSAL DO RIO

No Brasil, morrem por ano cerca de 100 mil pessoas vitimadas por doenças relacionadas ao consumo de tabaco, disse ontem o diretor do Inca (Instituto Nacional do Câncer), Marcos Moraes.
Com base em estudo encomendado pelo Inca à FGV (Fundação Getúlio Vargas), Moraes propõe ao governo o aumento do valor de impostos cobrados sobre a produção de cigarros.
Segundo o diretor do Inca, a indústria do fumo aumentará o preço do maço de cigarro, caso o governo eleve a taxação.
Na avaliação do Inca, o preço mais alto afastaria o comprador, resultando na diminuição do consumo.
Taxação
Dados preliminares do estudo da FGV apresentados ontem por Moraes e pela coordenadora de Controle do Tabagismo do Inca, Vera Luíza da Costa e Silva, indicam que o governo taxa 74% do valor de produção do cigarro.
O Inca defende a taxação de 100% do custo da produção. O preço médio do maço de cigarro no Brasil é R$ 1,07.
"Com a taxação de 100%, o preço médio do cigarro subiria para R$ 2, o que reduziria, de imediato, o consumo de 1,5% a 3%", disse a coordenadora.
O aumento da taxação e do preço médio do cigarro resultaria, a longo prazo, em uma queda no consumo entre 6% e 12%, além do crescimento da arrecadação de 3% a 9%.
Baseado em levantamento do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Inca informou haver no Brasil 30,8 milhões de fumantes.
Doenças
A OMS (Organização Mundial da Saúde) relaciona como doenças provocadas pelo uso de tabaco os cânceres de pulmão, esôfago, laringe, fígado, pâncreas, cavidade oral e estômago.
Doenças cardíacas, vasculares (derrame cerebral, principalmente), digestivas (úlcera) e respiratórias também são citadas pela OMS como tendo origem provável no consumo de cigarros, charutos, cigarrilhas e fumos variados.
"No Brasil, 30% de todos os tipos de câncer estão relacionados ao tabagismo", afirmou Moraes.
Órgão do Ministério da Saúde responsável pelo controle do câncer no país, o Inca encomendou à Fundação Getúlio Vargas o estudo econômico sobre a indústria do cigarro.
O estudo deverá ficar pronto em um ano. Segundo Moraes, o Inca contratou a FGV por R$ 90 mil.
Malefícios
O diretor do Inca afirmou que, em todo o mundo, gastam-se por ano US$ 200 bilhões no combate "aos malefícios do tabagismo".
"Se não tomarmos providências, em 2020 o cigarro vai matar mais gente que em toda a Segunda Guerra Mundial", afirmou ele.

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