São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Câncer pulmonar será recordista de mortes

MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

Se as pessoas continuarem fumando tanto quanto fumam hoje, no ano 2025 o câncer de pulmão pode se tornar a doença que mais mata no mundo.
O alerta é do diretor-geral da OMS (Organização Mundial de Saúde), Hiroshi Nakajima, 69. Segundo ele, combater o tabagismo é uma das principais preocupações da OMS para os próximos anos.
"Estamos preocupados em combater o tabagismo não só entre os que fumam, mas também entre os que ainda não começaram a fumar", afirma.
As projeções da OMS indicam que, se o tabagismo não diminuir, a incidência de câncer pulmonar pode dobrar nos próximos 20 anos. De acordo com Nakajima, 20 anos também é o período de tempo aproximado que leva para os efeitos do fumo começarem a aparecer no organismo.
Entre os homens, o câncer de pulmão já é a principal causa de mortalidade no mundo, segundo dados fornecidos pelo representante da OMS no Brasil, o ex-ministro da saúde Seigo Tsusuki.
Mas as doenças que mais matam ainda são as cardiovasculares. O diretor-geral da OMS acredita que, até o ano 2025, elas estejam controladas.
"Os medicamentos e as técnicas cirúrgicas para o tratamento dessas doenças estão muito evoluídos e a população está aprendendo a evitá-las", afirma.
Um relatório recente da OMS informa que os chamados "fumantes passivos" estão sujeitos a uma margem de risco de 30% a 50% de contrair câncer de pulmão.
O mesmo relatório afirma que, nos países desenvolvidos, o câncer de pulmão está relacionado ao fumo em 91% dos homens e em 62% das mulheres. Nos países em desenvolvimento, 76% dos homens e 24% das mulheres têm câncer pulmonar causado pelo tabagismo. No próximo sábado, 31, a OMS promove o dia mundial de combate ao tabagismo.
Infecção hospitalar
Outra preocupação da OMS, segundo seu diretor-geral, é a tendência de aumento das infecções hospitalares. De acordo com ele, essa tendência pode se confirmar se não for contido o uso indiscriminado de antibióticos.
"Antes, um determinado tipo de bactéria levava de cinco a dez anos para criar resistência ao medicamento. Hoje, muitas vezes os remédios perdem a eficácia em menos de cinco anos."
Nakajima explica que o uso indiscriminado desses medicamentos, principalmente nos hospitais, onde circula um grande número de bactérias, pode fazer com que as elas ganhem resistência com mais velocidade do que aparecem os novos remédios, ficando, assim, cada vez mais difícil combatê-las.

Texto Anterior: Exigências de presos adiam fim de motim
Próximo Texto: Instituto de câncer quer mais taxação
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.