São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 1997
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Adolescentes se acusam por crime em NY

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DE NOVA YORK

Os dois adolescentes acusados de matar um homem de 44 anos no Central Park passaram a trocar acusações sobre o episódio ocorrido na madrugada de sexta-feira.
Daphne Abdela, 15, nega participação no assassinato. "Quem fez tudo foi meu amigo", afirmou, referindo-se a Christopher Vasquez, 15, seu namorado havia seis semanas. "Tentei evitar o crime, mas não deu. Fiquei com medo de que ele me matasse também."
Vasquez diz ter sido Abdela quem sugeriu esquartejar o morto, para dificultar a identificação. Robert Fegelnest, advogado dele, afirmou que a arma do crime não era de seu cliente. "A faca não era dele, o que mostra que não foi nada premeditado. Era dela ou da vítima."
Michael McMorrow, que era corretor imobiliário, recebeu mais de 50 facadas. Segundo a polícia, teve partes do intestino arrancadas, e as mãos e o rosto, cortados. Em seguida, ele foi jogado no lago do Central Park.
Vasquez, que ameaçou cometer suicídio, continua internado numa clínica psiquiátrica. "Ele está muito abalado", disse Fegelnest.
A mãe da acusada
Os pais adotivos da garota, Angelo e Catherine Abdela, estiveram no Centro de Detenção Juvenil Spofford, no Bronx, para visitar Daphne. Ela ocupa um dormitório com uma cama, uma escrivaninha e uma cadeira. A janela fica fechada.
Angelo Abdela é um executivo israelense de uma grande indústria de alimentos em Nova Jersey. A mãe, uma ex-modelo francesa.
Na saída do presídio, Catherine Abdela dizia-se "muito abalada". "Demos tudo do bom e do melhor, mas nunca com a intenção de mimá-la. Nós a educamos com liberdade, cultura, livros, viagens... Não consigo entender o que está acontecendo."
Escola
A mãe da acusada também fez críticas à escola em que sua filha estudava. "Quando ela começou a dar problemas, procuramos tudo. Até a coloquei numa escola com a qual não concordo, porque é muito rígida, de jesuítas, mas eles também não conseguiram controlá-la. Ela só piorou lá", relatou Catherine Abdela.
A direção da Loyola, escola tradicional de Manhattan em que Abdela estudava, limitou-se a dizer que a garota era complicada e recebia tudo o que pedia a seus pais.
A família Abdela vive num apartamento luxuoso em Nova York, avaliado em US$ 2 milhões. Na sala, destaca-se um grande retrato de Leah Rabin, viúva do primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin, morto em 1995. No quarto da garota, além de equipamentos eletrônicos, há mais de 300 livros.

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