São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 1997 |
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Denúncia reacende divisão no PT
CARLOS EDUARDO ALVES
José Dirceu, presidente da legenda e um dos líderes da ala de "centro", divulgou ontem, no boletim oficial da direção do PT, uma nota dura com críticas ao setor radical do partido. Dirceu irritou-se com a divulgação de uma "carta aos militantes" assinada por 6 dos 8 membros da "esquerda" que fazem parte da Executiva do PT. "É inaceitável a tentativa irresponsável de transformar as denúncias de Paulo de Tarso Venceslau em instrumento de luta interna do partido, como faz a carta aos militantes de responsabilidade desses dirigentes, dos quais se esperava um comportamento partidário à altura dos cargos que ocupam", diz um trecho da nota assinada por Dirceu. Em outro ponto, o texto do presidente do PT considera o manifesto de parte de seus companheiros de direção uma "prática mesquinha e inconsequente". A ala ortodoxa do petismo, no manifesto criticado por Dirceu, apontou como origem dos atuais problemas da agremiação a prioridade de "ganhar eleições a qualquer custo, inclusive o da perda de seu caráter militante". A "esquerda" do PT propôs, também, a proibição do recolhimento de recursos financeiros de empresas para as campanhas eleitorais do partido. Tentativa A irritação de Dirceu com seus colegas/adversários de cúpula pode ser medida ainda pelo histórico que o dirigente faz da tentativa de evitar a divulgação da nota dos radicais. Dirceu relata que procurou Joaquim Soriano (secretário-geral) e Sônia Hipólito -dois dos signatários do manifesto da "esquerda"- para propor uma nota conjunta da Executiva sobre o caso Venceslau. O presidente do PT acrescenta que até o líder da bancada do partido na Câmara, José Machado, interveio para solicitar aos deputados da "esquerda" que impedissem a divulgação do documento. Lula A denúncia de Venceslau já provocou o pedido de afastamento de Lula do Diretório Nacional do PT. Lula disse anteontem que sua atitude permitiria que a comissão interna que investigará o caso "tenha total isenção". Outro sintoma da gravidade da crise é a crítica pública de Lula à decisão de Dirceu de abrir uma comissão de sindicância. Ele não costuma dar declarações à imprensa sobre crises internas. Texto Anterior: Gustavo Franco e o "inflacionismo" Próximo Texto: Oposição tenta abrir CPIs no Amazonas Índice |
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