São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 1997
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Oposição tenta abrir CPIs no Amazonas

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Políticos de oposição ao governador do Amazonas, Amazonino Mendes (PFL), querem instalar CPIs na Assembléia Legislativa do Estado e na Câmara Municipal de Manaus para investigar a acusação de que Amazonino controla um grupo de empreiteiras responsável pela maior parte das obras do governo estadual e da Prefeitura de Manaus.
Em ambas as Casas, a oposição precisa de mais uma assinatura para conseguir a abertura das CPIs. O governo tem a maioria dos votos e conseguiu até agora impedir os pedidos de abertura de comissão para investigar sua participação no caso da compra de votos a favor da emenda da reeleição.
Entre os políticos que acusam Amazonino Mendes de participar da rede de empreiteiras estão os deputados estaduais Joaquim Corado (PRP) e Valdenor Cardoso (PSDB), o presidente regional do PSB, Serafim Correa, e os vereadores Ricardo Nicolau (PSDB) e Sinésio Campos (PT).
"Os indícios são muito fortes e temos a chance de desmascarar a rede", disse Corado. Para Sinésio Campos, "há muito tempo, essas pessoas vêm se aproveitando do dinheiro público no Amazonas".
"Testa-de-ferro"
O empresário Fernando Bonfim, em gravações divulgadas pelo jornal "O Globo", declarou que era o "testa-de-ferro" do governador na empreiteira Econcel.
Vereadores e deputados da oposição afirmam que Amazonino também controlaria as construtoras Decisão, Exata e Capa.
Com base em relatório de acompanhamento de obras de Manaus, o vereador Francisco Praciano, líder do PT, afirma que as quatro construtoras faturaram R$ 55,6 milhões com obras da prefeitura entre os anos de 1993 e 1996.
Amazonino foi prefeito de Manaus em 1993 e 1994. O atual prefeito, Alfredo Nascimento (PPB), foi eleito em 96 com seu apoio.
Segundo o deputado Eron Bezerra (PC do B), a Exata teria faturado, com obras do Estado em 95, R$ 50 milhões. A Econcel, diz Bezerra, teria faturado R$ 34 milhões, e a Capa, R$ 11,6 milhões.
A assessoria de Amazonino informou que não comenta os pedidos de CPIs.
Convocação
A promotora Eloísa de Sousa Arruda Mendes Damasceno, da 4ª Vara Criminal do Fórum de Pinheiros (zona oeste de São Paulo), poderá convocar para prestar depoimentos Armando Mendes, filho de Amazonino Mendes, governador do Amazonas.
O depoimento fará parte de inquérito, aberto no DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa), que apura o mandante do assassinato do empresário Samek Marek Rosenski, ocorrido em março de 93, em São Paulo.
Rosesnki era dono da fábrica de relógios Cosmos, instalada em Manaus. Quatro pessoas (Samuel Wolfsdors, que contratou os assassinos, Luiz Fernando Pereira Barboza, Henrique César Teixeira Pinto e José Geraldo Nazareth, já morto) foram condenados a 14 anos de prisão pelo crime. A polícia sempre acreditou que houve um mandante efetivo para o crime. Por isso, o inquérito ainda não foi encerrado.
O assassinato de Rosenski foi comentado por Armando na conversa gravada por Fernando Bonfim.
Além de Armando Mendes, devem ser convocados a depor também Fernando Bonfim, autor da gravação. Existe também a possibilidade, remota a princípio, de Amazonino ser convocado.

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