São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 1997
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'Acordei com minha roupa cheia de fogo'

Morador de rua sofre queimadura de 3º grau

DA REPORTAGEM LOCAL

O cearense C.R., 31, trabalhava como caminhoneiro na rota São Paulo-Fortaleza. Há um ano, se viciou em crack, abandonou a mulher e as duas filhas e foi morar nas ruas do centro.
"Fiz amizade com umas pessoas na área do Mercado Municipal. O chefão da região ficou bravo e enciumado e mandou me queimar", disse.
C.R. teve queimaduras de terceiro grau na mão esquerda, no braço e no peito. Ficou dez dias internado em um hospital público (do qual diz não lembrar o nome) e quase morreu de parada cardíaca.
"Não me lembro como foi. Já era noite e eu estava dormindo na rua. Quando acordei, estava com a roupa cheia de fogo. Ardia muito, mas eu consegui correr e apagar logo as chamas", disse.
O crime aconteceu há quatro semanas, mas na manhã de ontem ele ainda sentia muitas dores. "O braço, eu não consigo levantar porque queimou muito o sovaco. Queimou tanto que os médicos tiveram de arrancar o couro."
Ele diz não saber quem foi o mandante do crime, mas afirma conhecer muitas pessoas com histórias semelhantes. "Está virando moda queimar as pessoas por aqui", afirmou C.R., que hoje mora sob um viaduto na rua da Cantareira e sonha em abandonar o vício para trabalhar novamente com o caminhão.
Segundo moradores da região, foi Edmílson, o chefão do Buraco da Lacraia (nome do ponto de venda de crack), que mandou "dar um susto" em C.R.
"Esse Edmílson é ruim. Se ele não vai com a sua cara, ou manda matar ou queimar vivo para assustar a pessoa", disse a menor A.C., 14. Segundo ela, Edmílson está preso, desde a semana passada, por causa de um assalto.

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