São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Raça e profissionalismo impulsionam o Grêmio
LUÍS CARLOS S. MARTINS
Nós temos, no Olímpico, a visão de que o verdadeiro profissionalismo se faz com um toque de amadorismo. O bom profissional é aquele que tem amor à camisa, e isso nós propiciamos aos atletas. Quem está no clube ou o ama ou aprende a amá-lo. Os últimos anos foram gloriosos por um lado e difíceis por outro. O reconhecimento sempre foi raro para nós. Existe um certo preconceito em relação ao tipo de futebol que praticamos. Mas, como diz o ex-presidente Fábio Koff, enquanto os outros clubes continuarem sem entender o porquê de o Grêmio ser vitorioso nas competições de que participa, nós vamos vencendo. Chega um ponto em que o reconhecimento até se torna secundário. O importante é que vencemos, e nossas vitórias são fruto da crença que temos nelas. Nós trabalhamos forte e acreditamos no nosso trabalho até o último dos 90 minutos que nos separam da vitória. As pessoas gostam daquilo que definem como futebol-arte, e concordamos com isso. Mas me parece que os critérios para definir o que é ou não é estético estão distorcidos. Ninguém vai me convencer de que o Carlos Miguel não está fazendo arte quando é derrubado pelo Nélio na intermediária e sai atrás dele até nossa defesa para recuperar a bola com um jogo de corpo. Essa superação emociona. É lição de vida. É bonita demais. Mas tudo bem. Nossos adversários muitas vezes não vêem aquilo que nós enxergamos. Rotulam de violência. Melhor para nós. Só um time com a superação que o nosso tem é capaz de reverter situações tão adversas quanto as que temos enfrentado. No Brasileiro, buscamos uma vitória de 2 a 0 sobre a Lusa e conseguimos. Na Copa do Brasil, tivemos de disputar três jogos por semana, ficamos com a equipe descaracterizada e cansada. Vencemos mesmo assim. Estamos na Libertadores, a competição mais importante na América do Sul, com jogadores em condições precárias. É o preço da vitória. Um preço injusto que temos que pagar, mas nos resta acatá-lo. Não bastasse tudo isso, perdemos o Paulo Nunes para que a seleção dispute um amistoso quando estamos em plenas quartas-de-final da Libertadores, representando o Brasil na competição interclubes mais importante do continente. Nós pagamos os salários do Paulo Nunes e ficamos sem ele justamente quando dele mais necessitamos. É injusto, mas tentamos superar tudo com trabalho, raça e profissionalismo. É disso que somos feitos. O Grêmio, apesar de ter a maior torcida do Rio Grande do Sul, sempre foi tido como um clube de elite. Nós, que torcemos por ele, sabemos que isso não é verdade. O Grêmio é o clube da humildade e do trabalho duro. O lendário Osvaldo Rolla, quando treinou o time, nos anos 50, fazia os atletas subirem e descerem as arquibancadas com um saco de cimento nas costas. Ali está a origem das nossas conquistas. Na época, ninguém sabia o que era preparação física. Espero que a nossa torcida tenha isso em mente e saiba que o Grêmio vai longe. Luís Carlos Silveira Martins, o "Cacalo", é presidente do Grêmio Texto Anterior: Nelsinho diz que tem futuro acertado e prepara despedida Próximo Texto: Tudo em família Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |