São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 1997
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Tudo em família

EDUARDO OHATA

Muhammad Ali lutou pela primeira vez por um Mundial em fevereiro de 1964, desafiando Sonny Liston, a quem apelidou de "grande urso feio".
Como acontece nessas ocasiões, celebridades dirigiram-se a Miami para prestigiar o evento, que recebeu maciça cobertura da imprensa -muitos queriam ver Liston calar Ali. Aquelas pessoas, que chegaram a ameaçar o lutador de morte, não se conformavam com a petulância do "negro falastrão".
Ainda assim, como o próprio Ali relataria anos depois em sua autobiografia, um dos momentos daquela noite mais vivos em sua memória é a apresentação de seu irmão, Rudolph, na preliminar.
Ao tomar conhecimento que Rudolph estava lutando, Ali, que deveria descansar antes de seu próprio combate, não resistiu e foi, para desespero de seus treinadores, incentivá-lo. Apesar de ter vencido a luta, Rudolph foi vaiado, o que motivou Ali a prometer que ganharia o Mundial em sua homenagem. E ele cumpriu a promessa, derrotando Liston no sétimo assalto.
A atitude de Ali demonstra uma vez mais que, principalmente no esporte, a família é uma das principais forças de incentivo para o atleta.
No Brasil, a maior prova disso foi a saga da família Jofre-Zumbano, que produziu dezenas de pugilistas até o surgimento do campeão Eder Jofre.
Mas, às vezes, os atletas seguem a trajetória inversa.
Embora nunca tenha ganhado um título, o peso-médio Frank Fletcher fez sucesso na década de 80, mas, após o término da carreira, passou alguns anos na prisão. Seu irmão mais jovem, Anthony, tornou-se pugilista, cometeu assassinato e está na fila de espera do corredor da morte.
Agora, os baianos irmãos Freitas, Luís Cláudio e Acelino, que estão ganhando notoriedade no exterior, pretendem duplicar o êxito de Jofre e Ali, sem repetir os erros dos Fletcher.

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