São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 1997
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Associação prega fim da televisão

EMMANUEL PONCET
DO "LIBÉRATION"

"Milhares de pessoas desligarão sua TV durante uma semana. Imagine como serão as coisas sem radiações, sem violência gratuita. E, quando você tiver experimentado a 'verdadeira vida', não irá mais querer saber daquela 'vida por procuração'."
Ninguém ouviu nada a esse respeito. Com razão, pois a iniciativa ainda está limitada à ação de um grupo muito restrito.
Mas há algum tempo, de 24 a 30 de abril, alguns "abolicionistas" franceses tentaram lançar a idéia de "uma semana sem televisão".
Eles se manifestam por meio de algumas exposições em livrarias libertárias, apoiados especialmente em desenhos humorísticos ("O que a TV inspira em você? Ela não me inspira nada, ela me aspira!"), correspondências e panfletos enviados aos jornais: são meios ainda bem fracos, mas a iniciativa é uma das primeiras do gênero.
Na criação do projeto está Jean-Claude Bertheau, fundador e animador da RAT (Rede pela Abolição da Televisão).
"Quisemos retomar o projeto 'The Media Foundation'", explica Bertheau, referindo-se a uma associação canadense que lançou em escala internacional o programa "No TV Week" ("Uma Semana sem TV").
Com sua revista "Adbusters", essa associação, já conhecida por seu "Buy Nothing Day" ("Passe o Dia sem Comprar"), impôs para si a tarefa de combater a televisão, responsável pela "homogeneização das perspectivas, dos saberes, dos desejos".
Para seus homólogos franceses, a televisão é "uma droga legal e incentivada, um tranquilizante distribuído sem receita médica que permite à grande massa levar adiante sua morna existência".
"Será que é puro acaso o fato de ela provocar os maiores estragos nos meios mais desfavorecidos?", perguntam, num texto intitulado "Desligue para Ver!".
Em um outro gênero, menos "moral" e mais "global", podemos igualmente citar a iniciativa de Olivier Auber, 37, que lançou a idéia da "Primeira Jornada Internacional de Mídia Zero".
A homepage de seu site começa assim: "Suponhamos que, numa determinada data, passemos o dia inteiro em abstinência midiática. Imaginemos a extraordinária calma que esse dia ofereceria".
Nesse caso, a TV não é mais o único alvo: trata-se de suspender todos os meios de comunicação, do telefone à Internet, passando pelo rádio e pela imprensa. "Não é uma medida política ou moral, mas uma oportunidade de reflexão", explica Auber. (EPo)

Tradução Lilian Escorel

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