São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 1997
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'Indochina' é épico

JOSÉ GERALDO COUTO
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Indochina", dirigido por Régis Wargnier, é um épico romântico com todos os ingredientes de um "E o Vento Levou", só que narrado à maneira francesa, ou seja, com um ritmo mais contemplativo e mais tempo para a introspecção.
A história se passa na Indochina dos anos 30 aos 50, quando os ocupantes franceses da região (hoje Vietnã) se viam às voltas com os movimentos de independência locais.
A guerra de independência será o pano de fundo de toda a ação, centrada numa mulher, a grande proprietária de terras francesa Eliane (Catherine Deneuve), que, de início, tenta manter sua fleuma européia em meio ao caos reinante, mas que acaba colhida pela turbulência de seu próprio drama familiar.
A situação se complica quando sua filha adotiva, Camille (Lin Dan Pham), se apaixona pelo mesmo homem que ela, o galante oficial da marinha francesa Jean-Baptiste (Vincent Perez, de "A Rainha Margot").
Para completar, Jean-Baptiste tem a obrigação de defender o domínio francês na região, enquanto Camille se envolve com os rebeldes pró-independência.
No jogo entre o privado e o político, entre o pessoal e o histórico, é que o filme busca seu ponto de equilíbrio. Em alguns momentos é bem-sucedido, em outros nem tanto.
O que há de interessante o tempo todo é a atuação de Catherine Deneuve, que aos poucos se despe da máscara de frieza que sempre a marcou e se torna frágil, descomposta -enfim, humana.
Não foi por acaso que ela foi indicada ao Oscar de melhor atriz por esse trabalho (perdeu para Emma Thompson, de "O Retorno a Howards End").
Outros dois aspectos se destacam nessa produção francesa de US$ 21 milhões (uma das mais caras até então): a atmosfera de opulenta decadência que envolve os franceses ricos da Indochina e o bom aproveitamento da paisagem.
O filme, aliás, foi rodado em locações no próprio Vietnã -coisa que quase nunca aconteceu com as produções norte-americanas sobre a região, rodadas geralmente nas Filipinas.
O mundo em convulsão retratado em "Indochina", no ocaso da dominação francesa e antes da intervenção americana, pode ser visto como um preâmbulo ao inferno da Guerra do Vietnã, que deixou marcas tão traumáticas nos EUA e em seu cinema.
Por todas essas circunstâncias, "Indochina" ganhou o Oscar de melhor produção estrangeira de 1992.

Filme: Indochina
Produção: França, 1992
Direção: Régis Wargnier
Com: Catherine Deneuve, Lin Dan Pham, Vincent Perez, Dominique Blanc
Lançamento: Videoteca da Folha

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