São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 1997
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A RESPOSTA DE LULA

A tentativa de desqualificar os meios de comunicação que divulgam uma denúncia enfraquece a posição de um acusado. Nesse aspecto, Lula assumiu postura similar à de Paulo Maluf no escândalo dos títulos públicos e à de Sérgio Motta nas suspeitas de compra de votos.
Também soa inconsistente o argumento de que tudo não passa de paranóia do ex-secretário das Finanças de Campinas e São José dos Campos, Paulo de Tarso Venceslau. Afinal, o presidente do PT, José Dirceu, reconheceu que o partido errou ao não apurar antes tais denúncias.
É verdade que Lula ainda procurou dar satisfações à opinião pública, mas, dado o tom de suas declarações, quase deu a entender que estava se submetendo a uma formalidade, o que ainda torna artificial o gesto, que já era quase simbólico, de se afastar do Diretório Nacional do PT enquanto o partido reinicia um inquérito que uma vez deixou morrer.
O Partido dos Trabalhadores sempre procurou colocar-se na posição dos que pressionam por investigações sérias e exigem que os escândalos terminem em punições. Mas, a julgar pelas declarações de Lula, importantes lideranças do partido mostram enorme dificuldade em compreender que não existem "pessoas acima de qualquer suspeita".
Descartar as denúncias do ex-secretário petista -como pretende Lula- seria tão incorreto quanto prejulgar os acusados. Antes que se comprove qual a ligação do amigo de Lula com a empresa Cpem e se este usou ou não o nome do líder petista para favorecê-la, tudo o que se pode fazer é exigir apurações rigorosas. Até prova em contrário, os petistas não são nem mais nem menos honestos que os demais cidadãos.

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