São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 1997
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De PT, Serjão e desonestidade

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - É curiosa, mas eloquente, a diferença de tratamento que a maior parte do mundo político e da mídia concede aos casos PT e Sérgio Motta, semelhantes na origem.
O que há contra o PT? Há a voz de um militante, Paulo de Tarso Venceslau, acusando o partido de omissão em suposta maracutaia municipal que teria beneficiado o compadre do líder histórico da legenda, Luiz Inácio Lula da Silva.
O que há contra Motta? Há a voz de um então militante do partido governista, o deputado João Maia, acusando o ministro de participar de uma maracutaia em torno da reeleição, em benefício do sócio político do ministro, o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Paulo de Tarso diz, com todas as letras, que não dispõe de "evidências documentais" para sustentar sua acusação. Investigações jornalísticas posteriores tampouco foram capazes de produzir um só documento que corroborasse as suspeitas.
Vale idêntica constatação para o envolvimento de Sérgio Motta na compra de votos para a aprovação da reeleição.
Nessas circunstâncias, e até fato novo, o bom senso, a lógica e um mínimo de honestidade recomendam escolher só uma entre duas hipóteses:
1 - O PT e Motta são igualmente inocentes, até prova em contrário.
2 - O PT e Motta são igualmente culpados, apesar da inexistência, até agora, de "evidências documentais".
Não obstante, o mundo e a mídia governistas tentam cravar uma terceira e absurda hipótese: a de que o PT é culpado, mas Sérgio Motta está acima de qualquer suspeita.
Tanto que os governistas vão ao orgasmo com a sugestão de uma CPI para investigar o PT, mas montam insuperáveis barricadas contra uma CPI para investigar a compra de votos.
Sou capaz de apostar que o massacrante poder do aparelho ideológico e propagandístico dominante conseguirá vender a terceira e desonesta tese.

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