São Paulo, quarta-feira, 4 de junho de 1997 |
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Filme é cangaço espaguete
JOSÉ GERALDO COUTO
Por sua ação quase circense, pela profusão de sangue e explosões, pelos clichês folhetinescos de seu entrecho amoroso, esse "remake" aproxima-se menos do original de 1953 do que os filmes de cangaço dos anos 60. Diversão popular, em suma, como eram também os faroestes espaguete do mesmo período, em que a pobreza da produção e a falta de refinamento estético eram compensadas por uma energia meio selvagem e um apurado sentido do espetáculo. Alguns fatores impedem, entretanto, o filme de Massaini de cumprir esse papel de entretenimento barato e despretensioso. Em primeiro lugar -e isso não é culpa de Massaini-, o cinema deixou de ser há muito tempo um programa barato. O ingresso custa seis vezes o que custava há 30 anos. A classe média que paga dez reais por um ingresso no shopping prefere consumir o lixo bem embalado do cinemão americano a ver na tela algo que a lembre, mesmo por um instante, de sua identidade terceiro-mundista. Em segundo lugar, falta ao filme o frescor que poderia fazer o público relevar seus defeitos, que são de várias ordens. Haveria que, mesmo com a limitação de recursos, dar certa imponência à cena. Esses exemplos colhidos ao acaso são alguns entre dezenas. Falta leveza e fluência à narrativa. Os interlúdios musicais -herança do clássico de 1953- são pobremente coreografados e acrescentam artificialismo ao filme. Os figurinos, desenhados por Carybé, são bonitos. Até demais. A todo instante, parece que os personagens vão dançar quadrilha. E o pior é que às vezes eles dançam mesmo. Filme: O Cangaceiro Produção: Brasil, 1996 Direção: Anibal Massaini Neto Com: Paulo Gorgulho, Luiza Tomé Quando: pré-estréia hoje, no cine Bristol; estréia no Rio e em São Paulo sexta-feira Texto Anterior: CE quer atrair investimentos Próximo Texto: Carybé reelabora figurinos do longa-metragem Índice |
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