São Paulo, sábado, 7 de junho de 1997
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Guerra do tráfico faz quatro mortos

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Quatro pessoas morreram em consequência de uma guerra entre traficantes pelo controle dos pontos-de-venda de drogas no morro do Cerro Corá, no Cosme Velho (zona sul do Rio), na noite de anteontem.
Segundo a polícia e moradores, dois dos mortos são os supostos traficantes "Camundongo" e "Mitchetchelo". O terceiro foi identificado como o desempregado Sidney Correia dos Santos, sem ligações com o tráfico.
O quarto corpo, de uma mulher não-identificada, foi encontrado ontem de manhã dentro de um carro Neon Chrysler (importado), abandonado na estrada das Paineiras, acesso ao morro do Corcovado e tradicional ponto de desova de cadáveres.
Moradores do morro disseram que a mulher era namorada de "Camundongo". A mulher era negra, aparentava 30 anos e foi morta com um tiro na testa.
O carro pertence à empresa de prestação de serviços Gerp Ltda. e foi roubado de um dos diretores no dia 4 de junho em Niterói (13 km do Rio). Um advogado da empresa acompanhou a perícia feita por policiais civis.
O carro foi perfurado por tiros. No capô foram escritas as iniciais CV -sigla do Comando Vermelho, suposta facção do crime organizado no Rio.
O controle do tráfico no Cerro Corá está sendo disputado por vários grupos de traficantes desde a prisão, no início do ano, dos três líderes do tráfico local: Alex Tavares da Silva, o "Nem", Jânio Duarte, o "Bonitão", e Gláucio Silva, o "John Grau".
A polícia diz que "Camundongo" e "Mitchetchelo" eram ligados ao tráfico no morro vizinho do Fogueteiro e estavam no Cerro Corá como informantes.
O grupo do morro do Fogueteiro, por sua vez, seria aliado do líder do tráfico no morro da Mangueira (zona norte), Magno, considerado hoje um dos maiores traficantes da cidade.
Sidney dos Santos foi socorrido pela família mas morreu ao chegar ao hospital. Segundo a polícia, seus parentes confirmaram a versão de que ele foi assassinado pelos traficantes.
O corpo de "Camundongo" foi deixado perto de uma lixeira, na entrada do Cerro Corá, com mais de 20 tiros. O de "Mitchechelo" foi abandonado num dos acessos ao morro.

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