São Paulo, sábado, 7 de junho de 1997 |
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Novo disco do Hemp fala de... maconha
LUIZ ANTÔNIO RYFF
"O Planet Hemp é um grupo para cutucar a ferida, para criar confusão", avisa o rapper Marcelo D2. Ele sabe do que fala. Poucas bandas tiveram tantos problemas com a lei, no ano passado, quanto eles. Em 1996, os rapazes do Planet Hemp tiveram shows cancelados e proibidos, discos apreendidos e a polícia correndo atrás querendo prendê-los. Hoje, o grupo é proibido de tocar em várias cidades, como Salvador, Brasília, Curitiba e em todo o Espírito Santo. "Mas o pior é cancelamento de show. É uma questão de liberdade de expressão", diz D2, que faz questão de ressaltar que o grupo não faz "apologia da maconha": "A gente só gosta de fumar, mas a gente é contra o tráfico de drogas". "Foi tanto problema que a gente resolveu lançar um disco em homenagem a essa situação", diz D2, que achou o título para o disco em uma antiga entrevista do colunista Ibrahim Sued. O título já mostra que o grupo continua com a mira voltada para o mesmo ponto. "As pessoas perguntavam sobre o que a gente falaria no segundo disco. Continuamos falando de maconha. Continuamos queimando tudo até a última ponta", diz o baterista Bacalhau. Eles reconhecem que a banda é imediatamente associada à maconha. E que essa associação ajuda. "Essa é nossa imagem", dizem. Apesar disso, o Planet Hemp é um caso atípico, em que a fama "piora" a vida de alguém. Desde o sucesso, eles passaram a tomar muito mais duras. "A polícia já deu geral na aparelhagem no palco, com cachorros cheirando equipamentos", conta o baixista Formigão. Não que, antes do sucesso, as coisas fossem simples com os homens da lei. "Em uma dura, já engoli várias vezes o baseado. Até viciei", brinca Bacalhau, que, por ser branco e usar óculos, nunca foi o membro mais visado nas duras da polícia. "Não acharam nada e nunca vão achar. A gente não vai dar mole e andar com bagulho", diz D2. A diferença é que, hoje, com a fama do grupo, a barra pesa também para os fãs da banda. "A polícia vai para a porta de show de rock prender maconheiro. Eles não têm coisa mais importante para fazer?", pergunta D2. Se não tiverem nada mais importante para fazer, o Planet Hemp pretende dar trabalho para os policiais. Eles pretendem fazer cem shows na turnê de lançamento de "Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Pára". A turnê começa nos dias 4, 5 e 6 de julho, em São Paulo. No ano passado, quando tocavam no Olympia, a polícia deu uma batida, e o grupo foi levado para uma delegacia "para averiguações". "Dessa vez nós vamos fazer show no Palace. Queremos despistar a polícia", ironiza D2. O jornalista Luiz Antônio Ryff viajou à convite da gravadora Sony Texto Anterior: CLIPE Próximo Texto: Uma imperatriz de casquete Índice |
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