São Paulo, domingo, 8 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Injustiça!

JUCA KFOURI

Ivens Mendes foi banido do futebol. Nada mais justo.
Mario Celso Petraglia também. Bem feito, ninguém mandou aceitar chantagem.
Alberto Dualib pegou só dois anos de suspensão!
Por que, se Petraglia disse que mandaria 25 mil e Dualib "um-zero-zero", quatro vezes mais?!
Ou alguém acha que eram chaveiros, brindes, ou que ele não poderia dizer "cem camisas" ao telefone?
Mais grave, porém, foi a pena imposta ao Atlético-PR, um ano suspenso.
Baseada em quê? Na manipulação do resultado do jogo contra o Vasco pela Copa do Brasil? E por que o árbitro nem sequer foi a julgamento?
Admitamos que a justiça esportiva, diferentemente da justiça comum, possa mesmo trabalhar sem provas, só com indícios fortes de que a ética esportiva foi ferida. Faz sentido, sem dúvida.
Admitamos, ainda, que mesmo que o árbitro não tenha sido conivente com um esquema montado por Mendes e Petraglia, julgou-se a clara intenção de manipular o resultado. Pune-se, por isso, toda uma coletividade pela insânia de um cartola?
Vá lá que se aceite, em nome de um rigor inédito, exemplar, histórico.
E por que, então, pelo mesmo critério, deixar o Corinthians de fora? A troco de que Dualib e Mendes se acertavam? Pelos belos olhos de um e de outro?
E Zezinho Mansur, que nem sequer foi a julgamento?
Onde é que estamos, afinal?
Ora, ou só se pune diante da comprovação da manipulação, e aí nem Atlético-PR nem Corinthians podem ser punidos antes da prova, ou pela presunção, e aí, no mínimo, ambos tem de ser suspensos.
Clama ao céus a burrice de tudo isso ser para devolver o Fluminense à primeira divisão. Não é possível que a desfaçatez chegue a tanto!
E, por que, enfim, não se julgou nem a responsabilidade da cúpula da CBF?
Por ironia, na mesma quinta-feira do julgamento, aparecia a revista "Placar" denunciando explicitamente o presidente Rico Terra, da Casa Bandida do Futebol.
Que, por sinal, mente ao insistir que Ivens Mendes só cuidava de arbitragens.
Nas últimas eleições da Federação Brasiliense de Futebol, em 96, Mendes sentou-se à mesa da entidade como representante da CBF, sendo portador de documento, assinado pelo presidente da CBF, que autorizava quatro clubes a participarem do pleito.

Texto Anterior: Palmeiras compra Paulo Nunes
Próximo Texto: Brasil 'ensaia' reprise da decisão da Copa dos EUA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.