São Paulo, domingo, 8 de junho de 1997 |
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Após pacificação, guerra civil 'recomeçou' no vizinho ex-Zaire
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Os serviços de inteligência dos EUA não têm a menor dúvida de que soldados do governo de Angola lutaram ao lado das tropas de Kabila contra guerrilheiros da Unita que defendiam Mobutu Sese Seko pelo menos nas batalhas de Kenge e Kinshasa. O governo de José Eduardo dos Santos deu apoio político, financeiro, bélico e militar a Kabila na esperança de que, com a queda de Mobutu, a Unita deixasse de usar o o Congo como santuários para suas bases e como corredor de exportação para os diamantes extraídos de áreas sob seu controle em Angola, como vinha fazendo desde 1975. Pelos cálculos extra-oficiais do governo dos EUA, entre 2.000 e 3.000 soldados angolanos lutaram por Kabila no Congo. Em 16 de maio, em comunicado oficial, o governo de Angola saudou "vivamente o fim do regime ditatorial do presidente Mobutu, que durante muitos anos foi responsável pela desestabilização de muitos países vizinhos, incluindo a própria República de Angola". O conflito no ex-Zaire adiou por tempo indefinido o primeiro encontro pessoal entre o presidente Santos e o líder da Unita, Jonas Savimbi, que estava programado para maio e era visto como fator fundamental para a consolidação do acordo de paz de Lusaka, de 1994. Embora a queda de Mobutu permita prever mais motivos para Savimbi se compor de fato no governo de união nacional, seus planos e intenções ainda constituem desconhecido fator crítico para o futuro político do país. Apesar de enfraquecido como nunca, Savimbi ainda desfruta de poder suficiente para convulsionar Angola. (CELS) Texto Anterior: Apesar da riqueza natural, país é miserável Próximo Texto: Construtora brasileira tem negócios de US$ 1,5 bi no país Índice |
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