São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997
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Coronel do Exército assume o comando da economia em AL

FÁBIO GUIBU

FÁBIO GUIBU; SÔNIA MOSSRI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

SÔNIA MOSSRI
O coronel da reserva do Exército Roberto Longo assume na próxima segunda a Secretaria da Fazenda de Alagoas. O anúncio foi feito ontem, em Maceió, pelo governador Divaldo Suruagy (PMDB).
Longo, que foi secretário de Controle Interno da Presidência da República na administração de José Sarney, foi indicado ao cargo pelo governo federal.
Sua missão é sanear a economia do Estado, que arrecada R$ 65 milhões por mês e deve R$ 2 bilhões, sendo R$ 200 milhões em salários atrasados. "A crise não acaba sem ajuda externa", disse Suruagy.
Com a nomeação do "interventor" na Fazenda, o governador espera facilitar o encaminhamento de suas propostas. A principal é a rolagem da dívida por 30 anos.
"Ele (Longo) será o elo de ligação entre o Tesouro federal e Alagoas nessa administração compartilhada", disse o governador.
Suruagy nega que a nomeação do militar implique a perda de seu poder de decisão no governo.
Na prática, porém, Longo será o comandante das finanças de Alagoas. Caberá a ele autorizar ou não a liberação de todas as verbas.
O coronel atuará como um interventor informal no Estado e receberá orientação do ministro Pedro Malan (Fazenda) e do secretário-executivo Pedro Parente.
O governo federal quer alterar a estrutura de gastos do Estado, que privilegia a Secretaria de Comunicação em prejuízo de outros áreas.
Essa secretaria chegou a receber mais de R$ 1 milhão mensais -para publicidade do governo na mídia alagoana-, contra R$ 30 mil para a Segurança Pública e R$ 8 mil para a Agricultura.
Longo já recebeu duas tarefas imediatas do Ministério da Fazenda para cumprir em Alagoas: auditoria na folha de pagamento do funcionalismo e aumento da cobrança de impostos dos usineiros.
O coronel foi indicado pelo ministro do Exército, Zenildo de Lucena, que convidou Longo para cumprir uma missão -forma utilizada pelos militares para designar um trabalho difícil.
Longo foi primeiro aluno da turma da arma de Intendência de 1963 da Academia Militar das Agulhas Negras e é conhecido por sua habilidade em controlar gastos.
O nome de Longo foi definido na última quinta. Mesmo assim, Suruagy disse que recebeu um lista tríplice do Ministério da Fazenda.
A preocupação do governador é afastar a imagem de que o novo secretário da Fazenda seja uma imposição do governo federal.
O Ministério da Fazenda está convencido de que Suruagy colaborará com Longo por uma única razão: sem as mudanças exigidas pelo governo federal, Alagoas não terá como refinanciar sua dívida.
Aumentar a cobrança de impostos dos usineiros por meio de acordo formal é a condição da Fazenda para rolar a dívida e liberar R$ 165 milhões da CEF para o Programa de Demissão Voluntária alagoano.
Além da intervenção na Fazenda, deve haver mudança nas secretarias de Administração e de Planejamento. "Todos terão de estar afinados e, se for preciso, vamos fazer mudanças", disse Suruagy. "Mas, se houver trocas, vão assumir alagoanos", afirmou, rejeitando novas indicações do Planalto.

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