São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997
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Após ponte, cratera assusta São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL

Menos de uma semana após a ponte dos Remédios, na marginal Tietê (zona oeste de São Paulo), rachar por falta de manutenção, uma cratera de 20 metros de comprimento, 10 de largura e 8 de profundidade surgiu na outra marginal, a Pinheiros, assustando os moradores da cidade.
O buraco, que está a seis passos de um dos pilares da ponte Ary Torres, na zona sul, "engoliu" quatro automóveis, que ficaram quase que totalmente soterrados.
A prefeitura diz que a ponte não precisa ser interditada porque a sua estrutura não teria sido afetada. Apesar disso, a cada 30 minutos são feitos testes para ver se a ponte sofre algum movimento.
"Caso isso ocorra, mesmo que por um milímetro, a ponte terá de ser interditado", afirma o administrador regional de Santo Amaro, Oswaldo Kawanami.
O engenheiro Domingos Alberto de Miranda Gonçalves, diretor da divisão de obras de águas pluviais da Secretaria Municipal de Vias Públicas, diz que não existe risco. "A medição é apenas excesso de zelo", afirma.
O administrador regional disse que, mesmo que o buraco tivesse ficado ainda mais próximo do pilar, a ponte não teria sofrido dano.
"O pilar tem 16 metros de profundidade, enquanto o buraco tem oito metros. A ponte está bem presa", afirma Kawanami.
A cratera está sob a ponte, no estacionamento de um posto avançado da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), localizado entre a avenida dos Bandeirantes e a marginal Pinheiros.
Córrego da Traição
O buraco foi aberto na interligação do córrego da Traição, que corre sob a avenida dos Bandeirantes, com o dreno do Brooklin, que passa por sob o canteiro central da avenida Luis Carlos Berrini.
O engenheiro Gonçalves diz que ainda não é possível apontar com certeza as causas do acidente.
Ele desconfia, porém, que o buraco tenha sido causado por "envelhecimento precoce" do concreto da laje da galeria.
A galeria é relativamente nova, foi construída entre 1979 e 1989 (a prefeitura não soube precisar a data). A cidade tem galerias muito mais velhas, com 40 e 50 anos, que ainda estão em perfeito estado.
O engenheiro afirma que o envelhecimento precoce deve ter sido motivado por ligações irregulares de esgoto (leia texto nesta página).
Carros
Os quatro automóveis ainda não foram retirados do buraco. Caso chova forte hoje, a região pode sofrer uma enchente. Isso porque os carros podem ser levados pela correnteza, obstruindo a galeria.
A Secretaria Municipal de Vias Públicas diz que os automóveis devem ser retirados hoje ou amanhã.
Os carros são de propriedade de funcionários da CET. Pertencem aos operadores de tráfego Aloisio Soares da Rocha Filho e Artur Farres Pastor e dos analistas de tráfego Washington Tozzi e George Mokita.
A CET ainda não decidiu se vai indenizar os funcionários. Advogados da empresa passaram a tarde de ontem analisando a situação.
O trecho destruído da galeria terá de ser reprojetado, segundo engenheiros da prefeitura. Até quinta-feira, o buraco deverá ter suas paredes laterais concretadas para evitar que alargue.

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