São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997
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Sem-teto ameaçam invadir prédios no DF

BETINA BERNARDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A falta de organização prejudicou a passeata dos sem-teto ontem em Brasília. Eles não foram recebidos por nenhum ministro e prometem uma "ofensiva" maior hoje, caso não falem com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Cerca de 3.000 sem-teto, segundo os organizadores, e 2.000, segundo a PM, saíram em passeata pela Esplanada dos Ministérios às 11h15. Eles foram a Brasília em ônibus, vindo de 19 Estados. A maior parte (32 ônibus) é de São Paulo.
A PM montou um esquema de segurança envolvendo 1.300 homens, outros 200 de prontidão e até um helicóptero.
Policiais a cavalo acompanharam todo o trajeto. Em frente ao Ministério do Planejamento, onde os manifestantes chegaram às 12h30, havia 200 PMs formando um cordão de isolamento.
Dentro do ministério, a segurança era garantida por homens do Batalhão da Guarda Presidencial, que pertence ao Exército.
Uma comissão de seis manifestantes foi recebida por Ricardo Tortorela, assessor especial do ministro Antonio Kandir, na portaria do ministério.
A comissão entregou um documento de 52 páginas com sugestões de políticas públicas abrangendo as áreas de moradia, saúde, educação e relações de trabalho.
A ampla pauta de reivindicações pede desde o fim de manicômios à construção de 600 mil moradias e a libertação dos sequestradores do empresário Abílio Diniz.
Organizado por diversas entidades, o movimento não conta com uma liderança. Após o almoço de ontem, representantes de organizações como a CMP (Central de Movimentos Populares) e UMM (União dos Movimentos de Moradia) convocaram uma reunião para decidir se iam protestar no Ministério do Trabalho ou no prédio da CEF.
A passeata, prevista para começar às 14h, só saiu da concentração às 15h30 em direção ao ministério.
Outra comissão foi recebida pelo secretário-executivo, Antonio Anastasia. Os representantes das organizações não sabiam que o ministro Paulo Paiva iria a Genebra, para uma reunião da Organização Internacional do Trabalho.
Em menos de cinco minutos, deixaram o documento e se retiraram. "Não vamos perder tempo debatendo com o terceiro escalão do ministério", disse Isabel Freitas, do CMP do Rio Grande do Sul.
A forma como o governo nos trata não corresponde à realidade. Não viemos fazer bagunça", disse José Albino, da CMP.
"Vamos nos reunir hoje à noite (ontem) para organizar a caravana e decidirmos o que faremos caso o presidente não nos receba amanhã (hoje). Se não houver audiência, a ofensiva será maior, com acampamentos e invasão de prédios", disse José Carlos Ferreira, da UMM.

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