São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997
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Indústria pára de demitir após 2 anos

SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de 25 meses consecutivos de demissões, quando foram fechados 363,7 mil postos de trabalho, o nível de emprego da indústria paulista voltou a apresentar resultado positivo em maio.
A abertura de 557 vagas no mês passado reflete estabilidade no mercado de trabalho. A alta no índice da pesquisa da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) foi de apenas 0,03%.
O último aumento registrado havia sido em março de 95.
No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, o resultado continua negativo. De janeiro a maio foram fechadas 102.700 vagas. No mesmo período do ano passado, a redução havia sido de 84.358.
O desemprego crescente na indústria paulista é marca dos anos 90. A tendência começou com a abertura comercial promovida no governo Collor, se acentuou com a recessão de 1992 e registrou ligeiras reversões, como a que se seguiu ao Plano Real.
O saldo do Real, no entanto, é negativo. Desde julho de 1994 foram fechados 296.700 postos de trabalho na indústria paulista.
Lendo o termômetro
Para o governo, o dado da Fiesp mostra que a economia vive um período de normalidade. "Não há superaquecimento nem recessão", disse José Roberto Mendonça de Barros, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
A equipe econômica tem tentado detectar a temperatura da economia para saber se há ou não necessidade de desaquecê-la. Ainda não há avaliação definitiva.
Papel da privatização
Para o diretor-adjunto do departamento de pesquisa da Fiesp, Carlos Roberto Liboni, o aquecimento da produção nos últimos meses é um dos fatores que impulsionam a reversão do quadro de emprego.
No mês passado, a atividade da indústria paulista cresceu 8,2%, segundo dados da própria Fiesp.
Segundo Liboni, a maior atividade pode estar relacionada com investimentos que se seguiram às recentes privatizações de ferrovias e no setor elétrico.
No mês passado, os setores de materiais e equipamentos ferroviários e de energia elétrica registraram aumento de 1,74% e 1,51% no número de postos de trabalho.
Liboni afirma que o quadro de estabilidade pode se repetir em junho, mas descarta que o resultado de maio seja uma tendência que dure por muitos meses.
"As estimativas agora são de crescimento de 3% do PIB (Produto Interno Bruto) em 97. Nós entendemos que só um crescimento de 6% ou mais poderia gerar os empregos que o país precisa", diz.
Balanço setorial
Esquadrias e construções metálicas (3,06%), mármore e granito (2,81%) foram os setores que mais contrataram. Os que mais demitiram foram estamparia de metais (2,15%), bebidas em geral (1,67%) e rações balanceadas (1,23%).

LEIA MAIS sobre desemprego na págs. 2-6 e 2-11

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