São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997
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Evento aponta fraqueza do Mercosul

JOSÉ GERALDO COUTO
ENVIADO ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS

O Mercosul ainda está engatinhando na área do audiovisual (cinema, vídeo e televisão). Essa foi a principal constatação do 1º Seminário de Cinema e Televisão do Mercosul, realizado entre 3 e 6 de junho em Florianópolis (SC).
O evento, que reuniu representantes da televisão e do cinema de Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile, mostrou que ainda há entraves burocráticos, alfandegários e políticos para a concretização do intercâmbio e da cooperação entre os países da região.
Os poucos filmes feitos em co-produção por países do Mercosul são exemplos eloquentes.
Hugo Gamarra, diretor da Cinemateca do Paraguai e co-produtor do filme "O Toque do Oboé", dirigido pelo brasileiro Claudio McDowell, relatou a acidentada odisséia do filme.
Rodado no Paraguai, o filme começou a ser feito em 95, e deveria ser a primeira co-produção do Mercosul.
Por problemas burocráticos, o equipamento ficou retido um mês na fronteira, antes de entrar no Paraguai, e mais dois meses ao voltar para o Brasil. Resultado: as filmagens foram interrompidas, o dinheiro acabou e o filme ainda não foi concluído.
"Acreditamos no sonho da integração e ele virou um pesadelo", resumiu Gamarra.
No campo da televisão, também praticamente inexiste o intercâmbio. O que os representantes de TVs acabaram discutindo foram as diversas modalidades de parceria entre televisão e cinema que começam a ser praticadas.
Representantes das TVs por assinatura TVA, Globosat e HBO falaram do crescente espaço que concedem a produções brasileiras.
Ao final do encontro, os participantes decidiram produzir um documento reivindicando "regulamentações específicas relativas às questões alfandegárias, trabalhistas, de co-produções e de intercâmbio de leis de incentivo e de exibição".
O documento -chamado de Carta de Florianópolis- deverá ser referendado pelos participantes do próximo Festival Latino-Americano de Gramado (RS), em agosto, e encaminhado à Comissão de Cultura do Mercosul e aos governos dos quatro países.

O jornalista José Geraldo Couto viajou a Florianópolis a convite dos organizadores do 1º Seminário de Cinema e Televisão do Mercosul

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