São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997
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Congo consegue acordo para trégua

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da França, Jacques Chirac, conseguiu um "acordo em princípio" para um cessar-fogo na República Popular do Congo, informaram ontem fontes do governo francês. Mesmo depois do anúncio de trégua, os combates prosseguiram.
Chirac conversou por telefone ontem à noite com o presidente Pascal Lissouba e o ex-presidente Denis Sassou Nguesso, cujas forças se confrontavam há cinco dias, e com o presidente do Gabão, Omar Bongo, que tenta mediar o fim do conflito.
Segundo a porta-voz da Presidência francesa, Catherine Colonna, Chirac disse a todos que "não há solução militar para um problema político" e condenou os combates. Lissouba e Sassou Nguesso concordaram "em princípio" com uma trégua e conversações intermediadas por Bongo.
Durante o dia de ontem, aumentou o número de confrontos entre tropas do governo e milicianos na capital, Brazzaville.
A cidade continuava dividida. As forças de Lissouba controlavam o sul e o leste de Brazzaville, e as outras áreas estavam nas mãos dos milicianos de Sassou Nguesso, que tem o apoio de parte das Forças Armadas. Um obus, aparentemente por acidente, cruzou o rio Congo e atingiu Kinshasa, capital da República Democrática do Congo (o antigo Zaire).
Entrevistado por telefone pela agência de notícias "France Presse", Sassou Nguesso disse que os disparos continuavam nos bairros controlados por suas milícias, mas que a situação não havia mudado desde o domingo à noite.
Pelas ruas da cidade, viam-se corpos de combatentes e civis, sem que se fizesse nenhuma tentativa de recolhê-los. Testemunhas disseram nos últimos dias que centenas de pessoas morreram nos combates.
Soldados franceses retiraram estrangeiros para a sua base militar na cidade, e quatro aviões militares Transall transportaram cerca de 90 estrangeiros em cada um para a capital do Gabão, Libreville.
Segundo diplomatas, outros 300 estrangeiros aguardam uma chance de serem retirados, em dois hotéis da capital.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Nicholas Burns, disse que as hostilidades impediram os soldados franceses de retirar os estrangeiros -entre eles, norte-americanos.
Um novo contingente de 150 soldados franceses chegou a Brazzaville ontem, para unir-se aos 450 que já estão na cidade. O Ministério da Defesa da França previa que, até hoje, haveria 1.200 soldados franceses na cidade -800 como reforço para os 400 que a França já mantinha no Congo.
O governo do Congo acusa o Sassou Ngueso de tentativa de golpe. O ex-presidente diz que seus milicianos agem em legítima defesa contra os ataques dos soldados.
Sassou Ngueso acusa Lissouba de provocar os distúrbios para ter pretexto para adiar a eleição presidencial, marcada para 27 de julho.

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