São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997
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Protestantes financiaram esquerda

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O cardeal Joseph Ratzinger, um dos mais próximos colaboradores do papa João Paulo 2º, disse ontem que as igrejas protestantes financiaram, nas décadas de 60 e 70, movimentos clandestinos de esquerda na América Latina.
"Grande parte dos bispos da América Latina se queixou do fato de o Conselho Ecumênico das Igrejas dar ajuda aos movimentos subversivos", afirmou o cardeal durante o lançamento do livro "O Quinto Selo", do sacerdote Nicola Bux, em Roma.
O livro, que trata principalmente da unidade cristã, aborda o tema do patrocínio aos movimentos subversivos da América Latina.
O Conselho Ecumênico das Igrejas coordena cerca de 330 igrejas, das quais 20 são ortodoxas, e as restantes protestantes.
Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina e a Fé, acrescentou que a ajuda do Conselho Ecumênico das Igrejas talvez tenha sido feita "com boas intenções", mas acabou tendo um "efeito danoso para os caminhos do Evangelho".
Teologia da Libertação
Segundo o autor do livro, "muitos setores cristãos, especialmente protestantes, deram seu apoio a movimentos marxistas e incentivaram, dentro do catolicismo, a consolidação da Teologia da Libertação".
A Teologia da Libertação é um movimento católico nascido na década de 60, principalmente em países da América Latina. O movimento prega a associação do cristianismo a questões políticas e sociais concretas.
A atitude dos partidários da Teologia da Libertação, que se associaram com frequência a partidos de esquerda para combater os regimes autoritários e direitistas latino-americanos, causou conflitos constantes com a hierarquia da Igreja Católica.
No livro, Bux diz que o Conselho Ecumênico das Igrejas apoiou as "campanhas de ajuda às revoluções na América Latina", mas não fez o mesmo pelos cristãos e pelas "igrejas do silêncio" na Europa do Leste (onde a prática religiosa foi proibida durante os anos de domínio comunista).
Unidade cristã
O cardeal Ratzinger, ao comentar o assunto central do livro, criticou os setores que buscam a unidade das igrejas cristãs por meio de conselhos ecumênicos.
Segundo Ratzinger -visto como o guardião da ortodoxia do Vaticano-, essa teoria é "um sonho romântico e irreal" já que, em sua opinião, o princípio da supremacia papal basta para conduzir à unidade.

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