São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997 |
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SÃO PAULO DOS BURACOS Dias depois de ter sido tornada pública a ameaça que literalmente pesava sobre a cabeça das pessoas que utilizam o complexo de avenidas mais movimentado de São Paulo, as marginais, mais um incidente assusta os motoristas que transitam pelo município. Após a rachadura da ponte, surge um enorme buraco nos próprios domínios da Companhia de Engenharia de Tráfego, a alguns metros de uma outra ponte, também sobre uma das marginais, vital para o trânsito da zona sul da cidade. Não se sabe ainda se a cratera foi provocada pelo desabamento de uma galeria subterrânea sem manutenção nem se ela de fato ameaça outra ponte, como se especula. É sabido, porém, que o trânsito da cidade, comumente exasperante e ainda mais transtornado pela fenda na ponte dos Remédios, ficará mais caótico com nova interdição. Isto é, a incúria, no caso da ponte rachada, e o incidente junto à ponte da zona sul servem para relembrar que as vias da cidade não comportam mais veículos. Não é preciso ser um engenheiro de tráfego para saber que o conjunto de obras do ex-prefeito Paulo Maluf não desafogou o trânsito de São Paulo, e os números de Companhia de Engenharia de Tráfego sobre a extensão dos congestionamentos confirmam a banal e diária experiência. Políticas -ou a falta delas- dos governos estadual e municipal vêm fazendo com que seja privilegiado o uso de carros particulares sem que, no entanto, se evitem transtornos para todos os que procuram se locomover pela cidade. O trânsito lento provoca ainda mais poluição e danos à saúde; causa prejuízos econômicos a empresas e cidadãos, que perdem tempo e combustível. No entanto, os projetos viários são marcados por obras pontuais; não se implementam políticas globais e de longo prazo numa região que tem quase um carro para cada dois habitantes e ganha mais de 300 mil deles por ano. Trata-se de uma bomba-relógio que a cidade tem de desarmar. Que as rachaduras e buracos sirvam de alerta. Próximo Texto: DESEMPREGO AMERICANO Índice |
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