São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997
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DESEMPREGO AMERICANO

A queda do desemprego nos EUA para 4,8% em maio, o mais baixo em quase 24 anos, reforça a tese de que a economia norte-americana é capaz de crescer sem passar por ciclos ou crises abruptas, como no passado.
Embora nos mercados financeiros cada notícia sobre desemprego menor gere pessimismo, pois aumentam as chances de elevação das taxas de juros, ganha força uma hipótese alternativa. A economia dos EUA estaria desafiando as expectativas do mercado e dos economistas.
No centro da nova hipótese está o reconhecimento de que a economia americana passa pelo que se pode considerar a maior onda de inovação tecnológica de sua história, com destaque para os setores de telecomunicações (83% de todas as conexões Internet realizadas no mundo têm como destinação os EUA).
Ao lado da revolução tecnológica, as fusões e aquisições têm desempenhado um papel crescente na economia dos EUA. Elas dão maior eficiência e escala aos grupos econômicos, enquanto as novas tecnologias permitem um grau sem precedentes de terceirização de serviços, o que reduz custos, aumenta a produtividade e gera novos empregos.
Com novas tecnologias, mais produtividade e mais empregos em novos setores, os EUA desafiam o saber convencional, segundo o qual, quando uma economia cresce ininterruptamente, as pressões inflacionárias não tardam. Na prática, o desemprego está caindo e não há sinal de pressões salariais ou de preços.
Há também importantes fatores de ordem mais geral, como principalmente a taxa de câmbio, que favorecem o desempenho dos EUA. A valorização do dólar permitiu um aumento das importações a custos mais reduzidos, permitindo o crescimento sem pressionar a capacidade produtiva instalada no país.
Ninguém se atreve a dizer que ciclos ou crises econômicos acabaram, mesmo nos EUA. Mas dados recentes sugerem que essas oscilações são hoje bem menos previsíveis.

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