São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 1997
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Estão todos confusos

GILBERTO DIMENSTEIN

A Universidade Columbia reuniu semana passada, em Nova York, um grupo de estrelas da comunicação para ensinar como lidar com o futuro -entre eles, o dono do "The New York Times", Arthur Ochs Sulzberger.
Sulzberger dividiu espaço num pequeno palco com magnatas do jornalismo: Michael Bloomberg e William Hearst 3º. Estavam ali também executivos como o presidente da NBC News, Andrew Lack, e Cella Irvine, da Microsoft; Cella comanda redação que produz um roteiro on-line chamado Sidewalk, com dicas culturais de Nova York, experiência que começou há dez dias.
O encontro de sumidades não ofereceu respostas, mas deu extraordinária lição sobre como a velocidade tecnológica vira as certezas de pernas para o ar.
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Ao final de duas horas de encontro franco, o que se via era uma cena singela: os debatedores mostravam tantas dúvidas quanto a platéia -uma mistura que ia do humilde repórter, estudante ou cabeças coroados do jornalismo americano.
Jornais e revistas perdem circulação, telejornais, audiência, projetos on-line torram fortunas ainda sem retorno. Qualquer um, hoje, já pode ter seu próprio jornal, rádio e televisão, transmitido por Internet.
Dizem que o papel tem com os dias contados, mas, ao mesmo tempo, a Internet está virando um mercado persa, tão atraente e informativa como uma lista telefônica. Consumidor de notícias virou produtor.
Alguém podia imaginar que Bill Gates fazendo roteiro cultural de Nova York?
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Ao entrar esta semana no mercado de televisão a cabo, Bill Gates, da Microsoft, emite o sinal de que a TV pode ser, quem diria, o computador do futuro -pelo cabo passariam os dados, e, assim, o aparelho se tornaria interativo.
Se for, como vai afetar a audiência dos programas de televisões aberta ou assinatura? Como a imprensa escrita deve se transformar, integrada nesses novos meios?
Estamos num jogo em que as regras mudam a cada instante, mas não podemos parar de chutar. Quem não estiver confuso ou em dúvida está mal informado.
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PS - Quem quiser tomar contato com as mais avançadas experiências e debates sobre como as novas tecnologias moldam a transmissão de informações em educação, deve pesquisar os projetos do Institute for Learning Technologies, de Columbia. Lá estão alguns textos que são de ler ajoelhado.
Basta digitar http://www.ilt.columbia.edu/
Aliás, um educador desse centro, Naomi Barber, está ajudando o Projeto Axé, de Salvador, a criar uma escola pública.

Fax: (001-212) 873-1045
E-mail gdimen@aol.com

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