São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997
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Para ruralista, pena aumentará invasões

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Sinapro (Sindicato Nacional dos Produtores Rurais), Narciso Clara, afirmou ontem que a sentença de 26 anos e seis meses de prisão dada ontem ao líder sem terra José Rainha Júnior irá provocar o aumento das invasões de propriedades rurais.
"Vão aumentar as invasões em protesto. Por falta de firmeza do governo federal, eles aprenderam que o terrorismo é a trilha que devem seguir", declarou.
Rainha foi condenado por co-autoria nos homicídios do fazendeiro José Machado Neto e do PM Sérgio Narciso da Silva durante a invasão da fazenda Ipuera, de propriedade de Silva, em 1989.
Preocupado com a possibilidade de retaliação, Clara disse que o Sinapro reforçou a segurança das fazendas em áreas em que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), segundo ele, é "mais articulado".
Entre esses locais, ele cita o Pontal do Paranapanema (SP), Pernambuco, Paraíba, o sul da Bahia, do Pará e de Mato Grosso do Sul, o noroeste do Paraná e o sudeste do Rio Grande do Sul.
"No Pontal, por exemplo, subimos o número de seguranças de 2.000 para 3.000. Alertamos a categoria para que reforce a segurança dentro da lei, mas, se eles invadirem, ainda mais agora, terão um comitê de recepção à altura."
O presidente da UDR (União Democrática Ruralista), Roosevelt Roque dos Santos, disse não esperar represálias do MST, mas não descartou medidas emergenciais caso elas ocorram.
"Se se sentirem acuados, correndo riscos, eles podem agir de forma perigosa, mas, como conheço a coordenação do movimento, sei que não chegou a hora de eles se exasperarem. Entretanto, caso haja algo de estranho, acionaremos as autoridades."
Na opinião de Clara, a justiça foi parcialmente feita. "O Rainha tem antecedentes criminais. É evidente a culpabilidade dele. Não se justifica que ele espere por um novo julgamento em liberdade."
O presidente do Sinapro afirmou que a sentença servirá de aviso para que o movimento entenda "que os sem-terra não são superiores às leis do país". "Rainha é um homicida, um criminoso que foi recebido no Planalto, pelo presidente, como se fosse um herói nacional."

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