São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997
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Evento discute identidade e antropofagia

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A presença brasileira na 10ª edição da Documenta de Kassel, a partir do dia 21, não se resume às mostras, instalações e performances de Hélio Oiticica, Lygia Clark, Tunga e Cabelo.
Os brasileiros também comparecem ao evento "100 Dias - 100 Convidados", que promoverá palestras e debates diários com intelectuais de todo o mundo.
A psicanalista Suely Rolnik realiza três palestras, uma no dia 6 de julho e duas no dia seguinte.
Na primeira, intitulada "Toxicômanos de Identidade - Subjetividade em Tempo de Globalização", Rolnik vai discutir como se dá a formação da subjetividade de cada indivíduo e qual a relação entre as mudanças na formação da subjetividade de cada um e as mudanças sociais, históricas, políticas e culturais, aceleradas na contemporaneidade pelos efeitos da globalização, informatização e efeitos tecnológicos.
"A toxicomania de identidade é uma das reações tomadas diante do que está se passando para -em vez de mudar- se manter no mesmo princípio identitário, por meio de remédios psiquiátricos, drogas, literatura de auto-ajuda, vitaminas etc. São todas tentativas de se ajustar sem mudar. Mas isso não é possível. Você se ajusta, mas entra em crise no dia seguinte. Enquanto você mantém a ilusão de que existe a possibilidade de uma forma estável, de uma identidade apenas, você se prejudica", disse.
No dia 7 de julho, em duas palestras, Rolnik analisa aspectos da obra de Lygia Clark. Na primeira, observa como Lygia tenta promover por meio de seus objetos artísticos "uma espécie de ritual de iniciação da subjetividade do espectador". Na segunda, analisará a região fronteiriça entre arte e clínica em que a obra de Lygia se coloca.
No dia 1º de agosto, Paulo Mendes da Rocha fala sobre questões relativas à sua produção arquitetônica. Na mesma noite, a ensaísta e historiadora de arquitetura Sophia S. Telles vai tratar da produção do arquiteto, mas dentro de uma discussão mais ampla sobre arquitetura brasileira contemporânea (leia entrevista abaixo).
Em 5 de agosto, o curador Paulo Herkenhoff vai discorrer sobre o programa conceitual da próxima Bienal de São Paulo.
"No plano das conferências, faremos um grande ciclo sobre a herança do século 20, em termos de inquietações, projetos e crise de valores. Nas salas especiais, o núcleo será Tarsila do Amaral e o período antropofágico. A idéia é discutir a antropofagia, mas não apenas na cultura brasileira", disse.

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