São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997
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Minimalismo cirúrgico consagra artista

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REDAÇÃO

Espéculo de acrílico, espéculo de acrílico, espéculo de acrílico, espéculo de metal. Alinhados milimetricamente, os instrumentos ginecológicos evocam as sensações de silêncio e imobilidade que a observação de uma obra minimalista proporciona.
Nazareth Pacheco trouxe ao projeto "Babel" a mesma instalação com a qual marcou paredes igualmente brancas do MAM (SP), em 94, e do Centro Cultural Banco do Brasil (RJ), em 95.
A transparência agradável das dezenas de objetos de acrílico é interrompida bruscamente pela peça solitária de metal -tal como ela é encontrada em hospitais e consultórios.
Como observou o diretor do MAM, Tadeu Chiarelli, em texto sobre a ainda curta carreira da artista -ela tem 26 anos-, a instalação de Nazareth parece lançar a pergunta: "É possível observar tais aparelhos apenas na beleza fria do design anatômico, sem esquecer a função a que estão destinados, tão próxima da tortura?".
A pergunta poderia ser estendida para os belos e torturantes colares com os quais a artista preenche a galeria Valu Oria (al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.403, tel. 011/883-0811). As peças são feitas com a parceria de frágeis miçangas, canutilhos e cristais, com anzóis, lâminas de barbear e agulhas cirúrgicas -cortantes como os inofensivos espéculos.

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