São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997
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Acioli 'transforma' mogno em carne

DANIELA ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem passa na calçada do "Babel", ao lado da entrada do teatro, na rua Paes Leme, em Pinheiros, não deixa de ver uma instalação que parece um açougue.
É a "Commodities", do artista carioca Vasco Acioli. São pedaços de mogno pendurados por ganchos presos a roldanas, como carnes de frigoríficos.
Acioli usou mogno de árvores que foram derrubadas por cupins. Tratou a madeira com inseticida e deu duas demãos de verniz. Não lixou ou cortou, usou as peças brutas. A madeira ficou com aspecto de carne de verdade.
A instalação, que originalmente tem 150 m² -mas em "Babel" foi adaptada para 15 m²- pode ter várias leituras, segundo Acioli. Chama "Commodities" porque usa uma madeira nobre, que tem valor comercial, mas que está em extinção no Brasil.
"'Commodities' é uma transação virtual de investidores. Eles ganham rios de dinheiro sem sequer olhar os produtos que vendem."
A idéia, diz o artista, remete a contrabando, violência. "Somos commodities. Os trabalhadores viram produtos nas mãos de seus patrões, que demitem as pessoas de acordo com as necessidades."
Quem entra na sala não precisa temer encostar na obra. "A idéia é que as pessoas toquem as peças. Elas têm roldanas para que o público movimente a instalação de um lado para outro", disse.

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