São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997
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Novo índice avalia qualidade de vida no 3º Mundo

DA REDAÇÃO

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento criou este ano um novo índice para avaliar a pobreza nos países em desenvolvimento. O Índice de Pobreza Humana (IPH) leva em conta a oportunidade as pessoas têm para ter uma vida longa e saudável e gozar de um padrão de vida aceitável.
Foram avaliados 78 países. O Brasil, por falta de dados, não faz parte do quadro. A principal diferença desta classificação para o IDH é que o IPH não leva os rendimentos em conta -isto é, uma população com baixos salários pode ter um bom índice de pobreza humana. A pobreza humana, diz o relatório, atinge cerca de 25% da população mundial.
Trinidad e Tobago (arquipélago ao norte da Venezuela) ficou em primeiro lugar no IPH, com 4,1% de pobreza, seguido por Cuba, Chile, Cingapura e Costa Rica. São países que conseguiram reduzir a pobreza humana a menos de 10% de sua população e são elogiados no relatório da ONU.
Seis dos sete países que ultrapassam 50% de pobreza nesse critério ficam na África: Níger, Serra Leoa, Burkina Fasso, Etiópia, Mali e Moçambique. O outro país é o Camboja (Sudeste Asiático).
O IPH leva três fatores em conta: expectativa de vida (porcentagem da população que morre antes dos 40 anos de idade); educação (porcentagem de analfabetos na população); acesso a serviços públicos (porcentagem dos que não têm assistência médica, água potável e nutrição).
Devido à falta de dados, a ONU não computou outros dados que influem na qualidade de vida: segurança, liberdade política e de decisões, por exemplo.
Os países industrializados também ficaram de fora porque os técnicos consideraram que, para medir carências nessas áreas, precisariam adotar outros critérios.
Tratamentos diferentes
O relatório destaca que vários países lidam de forma diferentes com a redução da pobreza humana e da pobreza absoluta -ou seja, a simples falta de dinheiro. O Egito, por exemplo, é criticado no relatório, porque reduziu a pobreza absoluta para 8%, mas ainda tem 35% na faixa de pobreza humana.
Já o Peru é citado por ter apenas 12% de pobreza humana, em uma sociedade em que 49% sobrevivem com menos de US$ 1 por dia.
O relatório também chama a atenção para o fato de que o novo índice permite uma avaliação do tratamento que os pobres recebem em cada país, enquanto a classificação "tradicional" do Pnud (o IDH) reflete os avanços de ricos e pobres, em conjunto.
Nesse ponto, Zimbábue (África), Vietnã (Sudeste Asiático) e Bolívia são aplaudidos por ter conseguido um desenvolvimento "em favor dos pobres", ou seja, conseguiu resultados muito melhores no IPH do que no IDH.
Em países como Namíbia, Marrocos (ambos na África), e Guatemala (América Central), o IPH, segundo a análise da ONU, indica que a pobreza é "mais profunda".

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