São Paulo, domingo, 15 de junho de 1997
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Doenças de crianças atacam os adultos

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quem acreditava que, quando chegasse à idade adulta, estaria livre de doenças típicas da infância se enganou. O exemplo mais recente é a atual epidemia de sarampo que acontece em São Paulo e que está deixando muita gente crescida de cama.
E não é só o sarampo. Rubéola, caxumba e até a catapora entram na lista das doenças "de criança" que podem atacar adultos. São doenças infecciosas, causadas por vírus. Quando aparecem, não existe muito remédio. Só repouso e medicamentos sintomáticos -que aliviam febre, dores e mal-estar.
Segundo Ricardo Tapajós, infectologista do Hospital Albert Einstein, as doenças das crianças tendem a se manifestar de forma mais intensa nos adultos. Sintomas mais "fortes" e de maior duração podem afastar as pessoas do trabalho por períodos de tempo que chegam até a duas semanas.
Tapajós diz que essas doenças também são muito contagiosas, ou seja, a chance de contaminação após o contato com alguém que está doente é bastante alta. A transmissão acontece basicamente por meio de gotículas de saliva ou de muco (via respiratória). Por essa razão, é importante que as pessoas infectadas fiquem isoladas.
Quem já teve essas doenças está protegido. O sistema de defesa fica com uma espécie de memória contra o vírus. Cada vez que a pessoa entra em contato com o agente infeccioso, as células de defesa bloqueiam a evolução da doença.
A vacina é a outra forma de proteção. O problema é que muitos adultos não receberam a vacina conhecida como MMR (ou tríplice viral) na infância. A MMR oferece proteção contra caxumba, rubéola e sarampo. Até hoje, na rede pública, as crianças só são vacinadas contra sarampo -a mais grave dessas doenças nos primeiros anos de vida. Rubéola, caxumba e catapora ficam fora do calendário de vacinação.
Os médicos ainda discutem se vale a pena ou não vacinar a criança contra a catapora, uma doença, em geral, benigna. A vacina contra catapora, que é recente e bastante eficaz, deve ser dada aos 12 meses.
Outra preocupação é saber se o esquema tradicional de vacinação contra essas doenças virais -primeira dose aos 9 meses e reforço aos 15 meses- pode proteger a pessoa na idade adulta. Até recentemente, essa era a conduta válida.
Mas uma edição do início desse da revista MMWR (Morbidity and Mortality Weekly Report), do CDC (Centro de Controle de Doenças) de Atlanta (EUA) recomendou que a vacinação deve ser repetida aos 5 e aos 12 anos. Dessa forma, o CDC acredita que a pessoa teria proteção para a vida toda.

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