São Paulo, domingo, 15 de junho de 1997
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Governo estuda restrição em leasing para veículos

VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo poderá restringir as operações de leasing para compra de veículos por pessoas físicas se elas continuarem elevadas. O leasing é um aluguel com opção de compra ao final do financiamento.
A Folha apurou que essas operações teriam aumentado em maio, após a elevação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Se adotar restrições para o leasing, o governo deve também alterar as regras dos consórcios de veículos.
No caso dos consórcios, a proposta em estudo prevê limitar em 20 ou 36 meses o prazo máximo dos grupos. Dessa maneira, o valor mensal da prestação subiria e o consórcio deixaria de ser uma opção ao leasing.
A equipe econômica vem analisado o assunto com cautela. A principal preocupação é controlar a venda de veículos, que ficou em 692.217 unidades de janeiro a maio. Esse volume de vendas representou um aumento de 18,42% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em maio, porém, as vendas apresentaram uma queda de 5,72% em relação a abril -passou de 155.689 para 146.789 unidades.
A avaliação do governo é que o resultado de maio pode não refletir as vendas reais do mês. É que financiamentos concedidos nos três primeiros dias do mês foram feitos com data retroativa a 30 de abril.
Assim, esses financiamentos teriam escapado da elevação do IOF de 6% para 15% ao ano. A medida foi anunciada em São Paulo no dia 2 de maio pelo presidente do Banco Central, Gustavo Loyola.
Por isso, o governo considera importante analisar o volume das operações de leasing em junho. O acompanhamento está sendo feito pelo BC por determinação do diretor de Política Monetária, Francisco Lopes.
A venda de produtos eletroeletrônicos, que preocupava o governo até abril, já apresentou uma desaceleração em maio e junho. Ou seja, dificilmente o governo adotará novas medidas para controlar o consumo desses produtos.
O governo avalia que as vendas desses produtos devem se estabilizar em um patamar acima daquele verificado antes do Plano Real. Não devem crescer nos próximos meses porque o nível de inadimplência continua alto.
Atividade econômica
O ritmo da atividade econômica também não preocupa. Projeção feita pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) prevê crescimento de 3,3% do PIB (Produto Interno Bruto) no período entre agosto de 1996 e setembro de 1997.
Nesse cenário, o governo não deve fazer grandes mudanças na política econômica nos próximos meses. Hoje, a principal preocupação de curto e médio prazos é o comportamento das exportações no segundo semestre.
As vendas externas de janeiro a maio deste ano cresceram 4,62% em relação ao mesmo período do ano passado principalmente em função da exportação de produtos básicos, que aumentou 32,37% no período.
Como esse desempenho não vai se manter no segundo semestre, o comportamento das exportações ainda é uma grande dúvida. Mesmo assim, o governo aposta que deverá ser melhor em relação ao desempenho de 1996.
Na área fiscal, as preocupações básicas do governo são duas: comportamento das despesas da Previdência Social e pagamento de sentenças judiciais sobre perdas e reajuste de salários dos servidores públicos.
Mesmo assim, o resultado consolidado das contas do setor público este ano vai ser melhor que o de 96. A melhora virá principalmente das contas dos Estados.

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