São Paulo, domingo, 15 de junho de 1997
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"3 x Leila" revive o mito Leila Diniz

MARIANA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

Leila Diniz já foi tema de música, poesia, filme. Também já foi assunto em programas de TV, rodas de bar e salas de aula. Agora, um dos símbolos da geração dos anos 60 do Brasil é tema de documentário na TV paga.
Para homenagear a atriz, no 25º aniversário de sua morte, "3 x Leila" estréia na quinta-feira, dia 26, no canal GNT (Net/Multicanal). Leila morreu no dia 14 de junho de 1972, em um acidente aéreo em Nova Déli, voltando da Austrália, onde promovia o filme "Mãos Vazias" no Festival Internacional de Cinema de Adelaide.
O programa marca também a estréia de um um novo tipo de documentário no canal. "Até então, só retratamos personalidades históricas do país, como Chatô, Prestes e Getúlio Vargas. Não queríamos ficar só nos políticos, gostaríamos de fazer algo mais comportamental. Abrir o leque da memória", diz Letícia Muhana, diretora do GNT.
Produção independente
O tema de "3 x Leila" foi sugerido pela direção do canal. O projeto foi desenvolvido pela produtora paulista TV1, de Sérgio Motta Mello.
O programa, que tem roteiro final de Ruy Castro, traz imagens de época, trechos de produções estreladas por Leila e depoimentos de pessoas ligadas a ela, como Domingos de Oliveira, Paulo José, Ana Maria Magalhães, Sérgio Cabral e Betty Faria.
Também há declarações de representantes da nova geração, como Cláudia Abreu e Cláudia Raia -"que têm um pouco do espírito da Leila", como explica Lúcia Araújo, produtora executiva do documentário.
Como o próprio nome do programa diz, o especial é dividido em três partes: "A Revelação da Vida", "Sem Discurso nem Requerimento" e "Mil Estilhas Cintilantes".
No primeiro capítulo é mostrada a trajetória profissional de Leila Diniz, dos tempos de professora primária a musa carioca, rainha da Banda de Ipanema e atriz de filmes, peças e novelas.
O segundo episódio apresenta Leila como retrato de uma época, enfocando o Brasil dos anos 60, o golpe militar, a censura, o cinema novo, os festivais.
A terceira parte é dedicada a Leila mulher, mãe e amiga. Também traz histórias de mulheres contemporâneas que desafiaram os moldes de seu tempo, mostrando a herança de Leila.
Emoção
O documentário é amarrado pela narração de Marieta Severo. A atriz foi amiga íntima de Leila, as duas se conheceram nas gravações da novela "O Sheik de Agadir", exibida na Rede Globo, em 1966 (leia depoimento ao lado).
"Toda homenagem que fizerem ela tem o meu apoio e a minha colaboração. Isso reaviva a memória dela, o sentido que teve a vida dela, não gostaria que isso se perdesse", diz Marieta.
Louise Cardoso, que viveu Leila Diniz no cinema (no filme "Leila Diniz", de 1987, de Luiz Carlos Lacerda) também se emociona ao falar de seu envolvimento com a atriz dos anos 60.
"Tudo relacionado a ela cheira emoção. Para fazer o filme, li seus diários fui absorvendo seu pensamento. Fiquei amiga dela depois que ela morreu. Até hoje converso com ela, quando ando no calçadão da praia e o sol está forte", fala Louise.
Para ela, Leila é a personagem mais forte e interessante que já interpretou. "Quando acabei o trabalho fui fazer análise. Leila vivia de um jeito tão excepcional, que comecei a achar minha vida sem graça. Agora, dez anos depois, fiz uma revolução dentro de mim", completa.
Formato
"3 x Leila" quer apresentar um formato novo para documentários. "Estou tentando buscar uma linguagem emocional, com um olhar apaixonado. Os depoimentos ficaram muito à vontade, com planos diferentes. A presença do Rio como cenário é sempre muito forte", fala a diretora Denise Saraceni, cedida pela Globo para cuidar do especial.
Segundo Denise, o programa é "muito simples". "Não é elitista, quero tirar o distanciamento e fazer a Leila viva."
"Nessa nova geração tem muita gente que não sabe quem foi Leila Diniz e precisa saber. Tem também muita mulher que é um pouco Leila Diniz e não sabe, então, as pessoas vão se identificar", diz Lúcia.

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