São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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Líder do PFL acusa PSDB de desagregar base governista

Pefelistas ameaçam "dar o troco" na reforma administrativa

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso vai reencontrar a sua base parlamentar rachada quando retornar do Paraguai. O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), fez ontem duras críticas ao líder do PSDB, Aécio Neves (MG).
Inocêncio afirmou que vai avisar o presidente que será muito difícil aprovar a reforma administrativa se persistirem dissidências na base governista. "Vamos tentar, mas será muito difícil."
O líder do PFL disse que Aécio teve um comportamento "desagregador" na votação da Lei Geral de Telecomunicações, quando liberou a bancada para votar.
Inocêncio criticou também o governador Mário Covas (PSDB-SP) e o deputado Nelson Otoch (PSDB-CE). Otoch enviou ofício ao governador Amazonino Mendes (PFL-AM), que Inocêncio considerou "desaforado" e com "ofensas". Otoch é relator do processo de cassação dos deputados acusados de terem vendido os votos para aprovar a reeleição.
"Se ele quiser CPI, a gente aceita. Só vai depender do PSDB. O que não aceitamos é desrespeito a governador do PFL", disse Inocêncio. Segundo ele, Otoch está pressionando Amazonino a depor.
O líder do PFL disse que o desentendimento com o PSDB teve início com uma entrevista de Covas. "Ele falou mal de Antonio Carlos Magalhães e criticou o presidente por ter escolhido o Luís Eduardo como líder do governo."
Inocêncio também atacou possíveis alianças do PFL com o PSDB nos Estados. "Lutarei até o fim para que o Cesar Maia não faça aliança com o PSDB no Rio de Janeiro. Se fizer, ele perde a eleição."
À tarde, Inocêncio se reuniu com ACM e com o senador Bernardo Cabral (PFL-AM) para tratar do depoimento de Amazonino. O governador ligou para ACM e avisou que vai depor na Comissão de Constituição e Justiça dia 23: "Acabou a CPI. Matou", disse.
LGT
Inocêncio afirmou que Aécio "desfez em um só dia todo o esforço do Luís Eduardo" ao liberar a sua bancada na votação de um dispositivo da Lei Geral de Telecomunicações. "Nós, que somos do governo, temos obrigações", disse.
"Ele desagregou bastante a base governista. No plenário, só se ouvia uma coisa: 'Vamos dar o troco. Deixa vir a reforma administrativa'. Era todo mundo numa boca só", relatou o líder do PFL.
Inocêncio disse que "o PSDB não tem sido muito feliz em cumprir acordos" e que fará essa cobrança na frente de FHC, na próxima semana. "Vou dizer ao presidente na vista de todos. Vamos deixar claro o que todos querem."
Aécio defendeu-se das acusações dizendo que "PSDB e PFL não são irmãos siameses. Somos aliados no projeto macro, mas cada partido tem a sua identidade própria. Além disso, não sou líder do governo, sou líder da bancada".
O líder tucano disse que não quer "polemizar" com Inocêncio para evitar mais desgaste na base governista. Para ele, o PSDB tem sido "extremamente fiel ao governo".
Segundo Inocêncio, Aécio teria ligado ontem pela manhã para Luís Eduardo para pedir desculpas pelo seu comportamento no dia anterior. "O Luís Eduardo iria jogar duro, mas o Aécio logo falou: 'Eu errei'. Isso desarmou o Luís Eduardo." O líder do PSDB negou que tenha reconhecido qualquer erro, embora tenha conversado com o líder do governo.

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