São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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Feijoada da Lana é (quase) perfeita

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando a jornalista Svetlana (Lana) Nowikow, famosa entre os amigos pela suculenta feijoada que servia há anos, decidiu abrir um restaurante com este prato, achou que a idéia tinha tudo para dar certo.
Na verdade, tinha tudo para dar errado. O restaurante funcionaria só um dia da semana (sem rotina de trabalho) e seria baseado em trabalho familiar (pouco profissional). A proprietária, mantendo sua profissão, dedicaria ao novo negócio apenas o tempo livre e passaria por um duro teste: nem todo mundo que cozinha bem em casa consegue transferir o talento para um restaurante.
Aberto em março do ano passado, o Feijoada da Lana tentou funcionar apenas para viagem. Como tinha poucos clientes, passou a servir lá mesmo.
O movimento começou lentamente: primeiro, eram os mesmos amigos que frequentavam a casa da jornalista. Depois a notícia começou a correr e a coisa pegou.
O carisma do restaurante vem da combinação da informalidade (tão propícia à feijoada) com um lugar agradável (parece que se está comendo na casa de amigos, com as mesas no pátio ao ar livre), e é claro, com boa qualidade da comida.
A feijoada da Lana, hoje tocada pelas filhas -Silvia e Luísa Nowikow de Souza (de 28 e 26 anos)- e executada por Luísa com a cozinheira Josiane Gianpietro, observa algumas regras básicas.
As carnes são cozidas separadamente, com respeito ao tempo de cada uma; feijão cozido lentamente, sem pressa nenhuma, por longas horas, para ganhar consistência; caldinho de feijão com uma ótima cachaça, a Espírito de Minas, já incluída no preço. E algumas deliciosas firulas, como a laranja servida sem sementes e sem pele.
Como a idéia foi reproduzir no restaurante exatamente o que era servido em casa, restaram algumas lacunas.
A feijoada é um ritual orgiástico de longa duração. Para enfrentá-lo com sabedoria é necessário entregar-se pouco a pouco. Além da água benta do caldinho de feijão com cachaça, é importante haver outros petiscos de iniciação.
Fazem falta uma mandioca frita crocante, um torresmo sequinho transbordando colesterol... Como as "partes menos nobres" (orelha, rabo, pé), antes não servidas, foram incorporadas, a pedido da clientela, é possível que também os petiscos sejam reforçados nesta que é a mais caseira das feijoadas de restaurante da cidade.

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