São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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Vírus ajuda HIV a invadir células

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS; DA REDAÇÃO

Pesquisadores franceses descobriram que um tipo de vírus semelhante ao do herpes parece ajudar o vírus da Aids a entrar nas células de defesa do corpo. O estudo é publicado hoje na revista "Science".
Os cientistas, liderados por Marc Alizon, do Instituto Cochin, constataram que o HIV usa uma proteína chamada US28 para entrar em algumas células de defesa.
A proteína é produzida pelo citomegalovírus, que cientistas já suspeitavam que pudesse agir como um co-fator da Aids.
O citomegalovírus e o HIV teriam, assim, uma relação de simbiose (que traz benefícios mútuos) maior do que se supunha.
Para provar que a US28 age como porta de entrada para o HIV, a equipe inseriu o gene que produz essa proteína numa linhagem de células humanas que o HIV normalmente não infecta.
Com o gene inserido, as células passaram a produzir a proteína US28. Depois colocaram as células em contato com várias linhagens diferentes de HIV. As células foram facilmente infectadas pelo vírus da Aids.
Já há algum tempo cientistas vêm tentando testar a US28, mas sempre com resultados negativos. "Não há razão para duvidar desses resultados. Acredito que isso aconteça na vida real", escreveu David Posnett, da Universidade Cornell, na revista.
Os pesquisadores terão, daqui para a frente, que resolver outro problema: saber por que, embora o vírus ataque o cérebro e a retina, há poucas evidências de infecção simultânea de células CD4 -o alvo preferencial do HIV- pelo vírus da Aids e pelo citomegalovírus.
Outro estudo na mesma revista, feito por pesquisadores da Universidade George Washington e do Instituto Nacional de Pesquisas Odontológicas, mostra que outro tipo de célula de defesa pode servir como uma espécie de fonte de HIV nos estágios finais da doença.
Eles descobriram que os macrófagos podem servir de fonte de vírus. Macrófagos são células de defesa que "comem" e digerem partículas estranhas, como vírus e bactérias.
Os cientistas também descobriram que as doenças oportunistas, que normalmente atingem pacientes com Aids, como a pneumonia, agem como um gatilho, detonando ondas de produção de HIV.

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