São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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Paradeiro de Pol Pot é desconhecido

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo do Camboja aumentou ontem a confusão sobre a suposta rendição do líder guerrilheiro Pol Pot, do Khmer Vermelho.
Um dos primeiros-ministros do país, o príncipe Norodom Ranariddh, disse que a notícia de que Pol Pot fora capturado anteontem não pode ser confirmada. Mas o chanceler do país, Ung Huot, afirmou que a rendição era "90% certa".
Ambos disseram que, se preso, Pol Pot seria levado a um tribunal internacional.
A informação havia sido divulgada pela rádio do Khmer Vermelho, grupo de Pol Pot que dominou o Camboja na década de 70, e confirmada pelo Exército do país.
Segundo havia dito o general Nhek Bunnchay, subchefe do Estado-Maior do Exército, Pol Pot havia se entregado no norte do país.
Ele teria se rendido a seus subordinados, que se rebelaram contra o líder. O estopim da revolta, segundo versões, foi a execução de imediatos de Pol Pot.
A rádio Khmer Vermelho está sob controle rebelde.
Não é a primeira vez que seu paradeiro é envolto de mistério. Aos 69 anos, Pol Pot é um homem doente -ou disseminou a versão de que mal poderia andar para diminuir a pressão por sua captura- e já foi dado como morto.
A própria afirmação do co-premiê Ranariddh faz parte da rede de confusão que envolve Pol Pot, cujo retorno é temido por políticos de todas as facções no país.
Guerra
O Khmer Vermelho mandou no Camboja de 1975 a 1979, após derrubar o governo pró-EUA do general Lon Nol. Comunistas de inspiração chinesa, os homens de Pol Pot promoveram o massacre de 1 milhão a 2 milhões de pessoas, fecharam o país e forçaram operários urbanos a ir lavrar campos.
O regime foi derrubado após uma guerra com o Vietnã entre 1977 e 79. Pol Pot fugiu para as selvas do norte, formando uma guerrilha para combater o novo governo.
Essa guerra arrastou-se até 1991, quando a ONU patrocinou um armistício entre o governo e as diversas facções do país.
Em 1993, um comitê das Nações Unidas monitorou eleições e ajudou a formar um governo com dois primeiros-ministros -um deles o príncipe Ranariddh e o outro, Hun Sen, antigo líder comunista não-alinhado com Pol Pot.
O problema é que os dois são adversários e a disputa levou a novos combates. Ontem, houve 90 minutos de tiroteios entre aliados de ambos os políticos na capital, Phnom Penh.

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