São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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Ricos querem ação anticorrupção

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DENVER

O G-7, o grupo dos sete países mais ricos do mundo, tenta lançar na sua cúpula deste ano, que se inaugura hoje em Denver (oeste dos EUA), uma série de regras contra a corrupção.
Os EUA esperam que sejam endossados, no encontro, princípios já discutidos entre os países ricos, como o de eliminar o não-pagamento de impostos sobre subornos praticados em terceiros países.
Pode parece incrível, mas, em alguns países, as companhias que subornam funcionários de outras nações podem deduzir do imposto a pagar a quantia empregada na operação.
Os EUA querem dos líderes uma convenção que "criminalize o suborno", como diz David Lipton, subsecretário do Tesouro para Assuntos Internacionais.
Proteção financeira
O lançamento de uma rede de proteção contra crises no sistema financeiro é outro tema que vai estar na agenda de EUA, Canadá, Japão, Itália, França, Alemanha e Reino Unido, além da convidada Rússia (leia texto abaixo).
Será uma "rede de supervisores para os mercados globais e um programa para dar assistência às economias emergentes no fortalecimento de seus próprios sistemas financeiros", diz Daniel Tarullo, representante pessoal do presidente norte-americano, Bill Clinton, para as reuniões de cúpula do G-7.
O tema não é novo na agenda dos líderes: começou a ser discutido na reunião de 1995, no Canadá, em função da então recente crise mexicana.
Voltou em 96 e só agora chega a seu estágio final, mas já um pouco tarde: há três meses, o BIS (Banco de Compensações Internacionais, uma espécie de banco central dos bancos centrais) fixou um conjunto de normas para dar solidez aos sistemas financeiros.
O Brasil, que nem é membro do G-7, participou das discussões no BIS e, pelo menos em tese, está comprometido com os mecanismos.
É provável que os líderes do G-7 reafirmem em Denver o que Lipton chama de "princípios centrais" para reduzir riscos nos mercados financeiros globais.
Como o susto mexicano afetou o mundo inteiro, não parece haver maiores dificuldades nessa matéria.
África
Outra novidade na agenda de 97 é a África.
A idéia é premiar os países africanos que promoverem reformas econômicas liberais, conforme o figurino predominante. Um duplo prêmio:
1 - Cancelando as dívidas que têm com os países ricos;
2 - Abrindo os mercados do mundo rico para cerca de 1.800 produtos primários africanos.
Mas o tema político subjacente é a guerra de modelos entre os Estados Unidos e, principalmente, a Europa continental.
"Temos uma boa história para contar, e o pessoal está ouvindo", diz Tarullo, referindo-se ao dinamismo da economia norte-americana comparado à relativa estagnação dos países europeus.
Um dos relatórios preparados pela Casa Branca para a cúpula é ainda mais explícito: "Os Estados Unidos estão agora liderando, com um novo paradigma econômico".

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