São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 1997
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Casamento pode ter sido pivô de crime

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O comerciante Nang Hyon Yooo, 28, foi morto com nove tiros para evitar um escândalo na comunidade coreana de São Paulo: a quebra de um acordo de casamento firmado entre pais de noivos.
Segundo a polícia, a noiva de Yooo, a comerciante Min Jung Kim, 21, pagou R$ 7.500 pelo crime. A ajudante-geral Janaína Aparecida Beda da Silva, 20, funcionária de Min, teria contratado o matador, que seria o balconista José Wenison Beda da Silva, 21, seu irmão. Os três estão presos.
O crime ocorreu em 13 de abril passado, às 17h30, no largo Ubirajara, no Brás (região central de São Paulo). Min confessou ter planejado o homicídio. Ela e Yooo eram noivos havia um ano. O compromisso fora selado pelas famílias por meio de um amigo comum.
A comerciante disse, em seu depoimento à Divisão de Homicídios, que Yooo a espancava sempre que algum homem lhe despertava ciúmes. Min disse que chegou a tentar o suicídio pois Yooo só aceitaria o rompimento do noivado se um deles morresse.
"Ela afirmou que a família de alguém que rompe um compromisso de casamento fica desonrada na comunidade", disse o delegado Guilherme Amadeu Junior, da Divisão de Homicídios.
Segundo a comerciante, a funcionária disse que poderia ajudá-la. Janaína teria contratado o irmão, que recebera R$ 500 de adiantamento pelo "serviço".
No dia do crime, Yooo foi apanhar a noiva na loja da fábrica de bolsas e carteiras da comerciante. Após ela entrar no Kadett, um homem se aproximou e disparou nove tiros no comerciante. Em seguida, o assassino fugiu num Monza.
"Começamos a desconfiar da noiva por causa de contradições existentes em seu depoimento", afirmou o delegado. Há 15 dias, a polícia prendeu José da SIlva.
Em sua casa, os policiais acharam um Monza, cartuchos de balas iguais às usadas no crime e extratos bancários de sua conta poupança. Em um dos extratos constava o depósito de um cheque de R$ 7.000 da comerciante.
Segundo o delegado, Silva foi reconhecido por testemunhas. Ele negou a acusação. Detida, Janaína alegou inocência. Min disse que tentou evitar o assassinato, avisando o noivo no dia do crime.
Também afirmou que os outros acusados exigiram o dinheiro para não denunciá-la. A Justiça decretou a prisão temporária dos três acusados.

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