São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A "escola sexual" da velha Tia Olga

XICO SÁ

Ela foi responsável pelo início da "educação sentimental" de milhares de rapazes de classe média da cidade de São Paulo. Hoje, aos 70 anos, Tia Olga ainda mantém a sua "casa de moças", como define. Os tempos, no entanto, mudaram os costumes e a sua clientela.
"Agora a freguesia é mais a peãozada, gente da construção civil, homens que vivem longe das suas mulheres", conta Olga.
"Os rapazes não precisam mais se iniciar por aqui, pois as namoradas cuidam disso."
Aterrorizada com ações da Polícia Civil, que chegou a fechar a sua casa no ano passado, ela prefere falar pouco, no momento, sobre a sua trajetória.
Olga, assim como várias donas de estabelecimentos do gênero de São Paulo, foram acusadas pela polícia de explorar a prostituição.
"Deixa passar isso tudo", pede, enquanto ouve desabafos dos "novos baianos" embriagados que frequentam a sua casa.
Tia Olga prefere também não dizer até quando atuou na noite como prostituta. Quer passar à história da cidade "apenas como dona de uma casa onde os homens bebem e se divertem".
Há 50 anos no ramo, ela controla uma casa com cerca de 20 mulheres. Algumas delas já ultrapassam os 40 anos e lamentam a longa vida na prostituição.
"Aqui os peões ainda compreendem, gostam de mulheres que pareçam com as mulheres que eles deixaram no Norte", diz M. S., 41, que trabalha na casa de Tia Olga. "É nossa sorte", conclui.
Instalada na sobreloja de um pequeno prédio na rua da Consolação, Tia Olga mantém programas por R$ 15, incluindo o preço do quarto. Às sextas e sábados, formam-se filas nos corredores.

Texto Anterior: Prostitutas muito maiores de idade
Próximo Texto: Pornô acima dos 50
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.