São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997
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Mitos do franchising (2)

MARCELO CHERTO

Na semana passada, esta coluna explicou os motivos pelos quais um franqueado não pode ser considerado um cliente de seu franqueador. Há, porém, casos em que o franqueador também é fornecedor de produtos à sua rede. Por exemplo, quando vende perfumes, cosméticos, roupas ou produtos alimentícios que serão revendidos pelas franquias.
Aliás, muitos problemas de relacionamento têm resultado desse "papel duplo" do franqueador, especialmente quando o fornecimento é feito por ele, com exclusividade. O franqueado pode ficar (e muitas vezes fica mesmo) com a percepção de que o franqueador está "faturando demais" ou ganhando duas vezes. E, como diz Greg Nathan, quando realidade e percepção entram em disputa, a realidade sempre perde.
Portanto, se houver um motivo de ordem estratégica para que o franqueador seja o fornecedor exclusivo de certos bens para sua rede, as regras devem estar claras desde o início, tanto no plano estratégico elaborado pelo franqueador como em sua comunicação com os franqueados.
Mito nº 3: "Os franqueados são subservientes". Isso é falso. Embora a maior parte dos contratos de franquia contenha uma série de provisões estabelecendo que o franqueado deve seguir as normas e padrões ditados pelo franqueador, o fato é que o franqueado ainda é o único responsável pela operação e gestão de sua franquia. O franqueador não é patrão nem o franqueado é empregado.
Como ensina Nathan, é apenas natural que o franqueado se comporte de forma um tanto "possessiva" com relação à sua loja, restaurante ou seja o que for.
E, por conta disso, pode reagir com uma certa dose de agressividade se "perceber" algum movimento do franqueador que implique uma "invasão" de seu "território pessoal". É bom lembrar que as pessoas nem sempre são 100% racionais.
Um franqueado não é alguém que se possa, simplesmente, "despedir". Portanto, os franqueadores que pretendam conduzir sua rede de forma autoritária estão fadados a enfrentar problemas sérios.
É claro que a relação entre franqueador e franqueado, para ser justa, não precisa ser uma relação entre iguais. Os dois não são iguais. Normalmente, o franqueador tem mais poder e mais o que perder. Contudo a relação precisa ser justa.

Internet: www.franquia.com.br/cherto/

E-mail: marcelo.cherto@franquia.com.br

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